É perfeitamente
legítimo, desejável e justo, que toda a pessoa, ao longo da sua vida, se
esforce e tudo faça, no respeito pela lei, valores, sentimentos e emoções, para
alcançar objetivos que se autopropôs, em ordem a conseguir ser feliz, no conceito
de felicidade que tiver, porém, sempre no contexto de uma sociedade civilizada,
humanista, solidária e pacífica, onde se possa viver com harmonia, na base da
saúde, do trabalho, da família, do amor e da Graça Divina.
A vida: tantas
vezes extremamente problemática; que impõe situações complexas, de
dificuldades, mágoas, dor, sofrimento e desgostos; mas também a vida que, de
vez em quando, proporciona alegrias, sucessos, esperança e conquista de
amizades, verdadeiramente sinceras, leais, solidárias e para sempre; a vida que,
afinal, tudo nos dá e que tudo nos tira, inclusivamente, ela própria, na sua
componente física, acaba por morrer.
A passagem física
de cada pessoa por este mundo é, relativamente, fugaz, comparativamente com a idade
que a Terra habitável terá, por muito longa que se considere uma vida humana,
aceitando-se aqui uma esperança média otimista, no futuro, na ordem, por
exemplo, dos cem anos. Um tal período de tempo, de facto, é insignificante,
portanto, terá de ser muito bem usufruído, evidentemente, em tudo o que depende
da própria pessoa.
É frequente
dizer-se, e será verdade, que “ninguém tem a vida nas suas próprias mãos” e,
com tal assertiva na mente, tomam-se decisões importantes em diversos domínios:
no trabalho, negócios, política, organização da própria vida, no projeto que se
deseja desenvolver em ordem ao sucesso, ao bem-estar pessoal, enfim, à
felicidade, segundo o conceito de cada pessoa. Também é verdade que nem todos
os projetos são realizados com êxito, mas tudo isto é vida vivida.
Refletindo,
positivamente, sobre a vida, será interessante mencionar a importância de
alguns valores, sentimentos e emoções que, com mais ou menos intensidade,
influem na sensação de bem-estar, de alguma euforia, de esperança num futuro
sempre cada vez melhor, com elementos essenciais ao que se poderia designar por
felicidade, a começar na tranquilidade própria de quem está de bem: consigo, família,
amigos, colegas, sociedade, mundo e com Deus.
Um dos Bálsamos
mais desejados, eventualmente logo a seguir à saúde, poderia ser, por exemplo,
a amizade ou, se se preferir, o amor, este considerado nas suas diferentes
“tipologias”: filial, paternal, maternal, fraternal, de amigo, neste caso até
se poderá designar por: “Amor-de-Amigo”. Este amor, será uma amizade levada ao
seu expoente mais sublime, num sentido mais íntimo, aqui com o significado da
cumplicidade, do confiar, totalmente, no amigo, tudo o que de mais sensível
pode existir em cada pessoa.
Ao longo da vida,
quem é que não deseja ter, pelo menos, um amigo íntimo, no qual se possa
confiar totalmente: todas as nossas alegrias e tristezas; sonhos, realizações,
amores e desamores; dificuldades, sucessos, enfim, o amigo com quem contamos
nas horas mais complicadas da vida, a quem pedimos ajuda ou a recebemos, mesmo
sem a pedirmos. Estes amigos não se encontram com facilidade e quando se
consegue um, então é preciso estimá-lo e amá-lo com um sincero “Amor-de-Amigo”,
sem reservas e para toda a vida. Este amigo é um Bálsamo inestimável.
A amizade levada a
este nível será, porventura, o núcleo mais importante da vida, no qual e à
volta do mesmo: se desenvolvem todas as atividades; desabrocham sentimentos e
emoções intensos e inesquecíveis; praticam-se valores verdadeiramente humanos
como: a solidariedade, afeição, lealdade, reciprocidade, gratidão e culmina com
um sentimento de imensa felicidade, porque sabemos que nunca estaremos sós, desprotegidos,
desconsiderados, rejeitados e até marginalizados. O “Amor-de-Amigo”
incentiva-nos a viver com entusiasmo, tolerância, compreensão, generosidade e
carinho.
A vida, pouco
sentido teria sem princípios, valores, sentimentos e emoções, os quais como que
constituem os quatro pilares, entre muitos outros, para que se possa ter uma
vivência dinâmica, bem ativa e que se tornam numa autêntica panaceia, para se
vencer muitos obstáculos que a nossa existência nos vai colocando, ao longo do
seu percurso, mais ou menos distendido no tempo, e no espaço, sendo certo que
na idade mais madura, depois do período sénior, o aperfeiçoamento é um facto incontornável.
Os bons e os maus
momentos da vida ensinaram as pessoas e, em muitos casos, tornam-nas mais
sensíveis, mais autênticas, mais prudentes e sábias, na medida em que se chega
à conclusão de que determinadas atitudes, valores e sentimentos não fazem
sentido, porque realmente a passagem pelo mundo terreno é muito rápida e, das
memórias que vamos deixar, interessará perpetuar: sentimentos de amizade, de
saudade, de boas ações, em quem vai permanecer cá, por mais algum tempo.
Provavelmente,
muitas doenças, talvez possam ser curadas e/ou, pelo menos, controladas com a
“medicação” dos valores, sentimentos e emoções, através de um pensamento e
comportamento positivos, bem intencionados, dirigidos para o amor e consolidados
na felicidade, esta aqui entendida como sendo um: «Estado adquirido de plenitude subjacente a cada instante da existência
(…), um estado de bem estar que nasce de um espírito excepcionalmente são e
sereno (…), um estado de sabedoria, livre de venenos mentais e de conhecimento,
livre de cegueira sobre a verdadeira natureza das coisas.» (RICARD,
2005.15).
Eleger o amor, no
máximo das suas dimensões possíveis, poderá revelar-se decisivo para a
felicidade global de cada pessoa, família, grupos de intervenção
sócio-política, profissional, religiosos, comunitários. Pelo amor e com amor,
praticamente tudo se consegue na vida porque: «O amor não é um processo intelectual. É sim uma energia dinâmica que
entra em nós e flui todo o tempo através de nós, estejamos nós conscientes
desse facto ou não. O fundamental é aprendermos a receber o amor, assim como a
dá-lo. Só poderemos compreender a energia envolvente do amor na comunhão com os
outros, nas relações, no serviço.» (BRIAN, 2000:64).
É muito
interessante, e também extremamente importante, interiorizar-se o sentimento da
amizade, independentemente de a elevar aos diversos níveis do amor, porque ela,
efetivamente, poderá ser a chave para a resolução de muitos problemas humanos na
medida em que: «A amizade é a base na
qual a consciência grupal é edificada e a cooperação é aprendida e praticada. O
sucesso dos esforços de cooperação e consciência grupal depende da qualidade
dos relacionamentos entre as pessoas. Sua nação é uma espécie de amizade, sem
amizade não há nação.» (SARAYADARIAN in CARVALHO, 2007:47).
E se a saúde, família,
trabalho, estudo, segurança, conforto e a estabilidade são importantes, sem
dúvida alguma, também é verdade que sem amor e sem felicidade, a pessoa humana,
provavelmente, não se sentirá realizada, porque ela tem de estar de bem:
consigo própria; com o mundo; com Deus. Naturalmente que conseguir congregar
valores, sentimentos e bens materiais, numa só pessoa, é muito difícil, mas
será possível, pelo menos, o maior empenhamento para que tal aconteça.
As pessoas e o
mundo, ainda que impercetivelmente, e/ou não querendo admitir, a verdade é que
quase tudo gira à vota dos sentimentos e, na vasta panóplia destes, o amor é
mais congregador do que todos os outros e, sem dúvida, conduz a melhores
resultados.
Por isso é
essencial que: «Alguém precisa de nos
encorajar a não pormos de lado aquilo que sentimos, a não termos medo do amor e
do sofrimento que ele gera em nós, a não termos medo da dor. Alguém precisa de
nos encorajar para o facto de esse ponto mais macio em nós poder ser desperto
e, ao fazermos isso, estaremos a alterar as nossas vidas.» (CHODRON,
1997:117).
É este bálsamo,
poderosíssimo, que está no centro da composição dos restantes bálsamos da vida,
como os valores da: solidariedade, amizade, lealdade, carinho, consideração,
estima, confiabilidade, cumplicidade e da felicidade. Sem amizade, na sua
máxima intensidade e nível supremo, que é o amor, nas suas diferentes
dimensões, a pessoa jamais se sentirá verdadeiramente digna, um ser superior, num
mundo que ainda não conhece totalmente.
O amor é um
sentimento que, quem o possui e o oferece sinceramente, ajuda a resolver a
maior parte dos conflitos e dos problemas. É preciso que quem exerce algum tipo
de poder e intervenção, tenha amor por aqueles que estão dependentes das
decisões dos detentores da influência, esta em todos os níveis da sociedade: da
pessoa individualmente considerada, passando pela família, pela empresa, pela
política, pela religião, pelo mundo.
Manifestar e
exercer, autenticamente, amor pelo próximo não é nenhuma vergonha, nenhuma
fraqueza e muito menos qualquer tipo de lamechice. Desenvolver e praticar este
sentimento, talvez o maior de todos, afinal só revela a superior condição da
pessoa humana, porque se é verdade que no restante reino animal se descobrem
comportamentos, entre as diversas espécies, que até se podem comparar ao amor
humano, é no seio da sociedade, verdadeiramente humana, que este sentimento
será estudado, relativamente conhecido e, tanto quanto possível, racionalmente
sentido, vivido e conduzido.
Valores,
sentimentos e emoções nobres transportam, inevitavelmente, ao supremo bem que
todo o ser humano deseja alcançar na vida e que é a felicidade, com tudo o que
ela comporta: alegria e tristeza; sucesso e fracasso; dor, sofrimento e
desgosto; mas também esperança, reconciliação, paz e amor solidário; proteção,
benevolência, tolerância, generosidade, lealdade porque: «O homem mais feliz é aquele que não tem na alma qualquer vestígio de
maldade.» (PLATÃO, in RICARD, 2005:156).
É possível
enquadrar a maldade, também, na ausência de valores humanistas, quando
entendida numa situação de reciprocidade, ou seja: a pessoa não sendo
totalmente maldosa, provavelmente, não será bondosa, quando não reconhece o bem
recebido através de valores, sentimentos e emoções que lhe são dispensados por
verdadeiros e firmes amigos.
Como corolário,
para meditação futura, parece interessante deixar-se a ideia segundo a qual: o
sentimento do amor, desde logo a começar no “Amor-de-Amigo”, tem uma dimensão
que, no respeito, consideração e sinceridade que se deve adotar, em nada será
inferior a outros amores, por isso, a comprovação de quem tem o privilégio de
saber-se amado com este amor, será através da retribuição sincera, com atitudes
de estima, consideração, disponibilidade para, fielmente, estar sempre do lado
do amigo que, generosamente, cultiva um amor tão lindo quanto intenso e
importante para a felicidade.
Bibliografia
BRIAN L. Weiss, M.D. (2000). A Divina Sabedoria dos Mestres.
Um Guia para a Felicidade, alegria e Paz Interior. Trad. António Reca de Sousa.
Cascais: Pergaminho.
CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão de
Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: Senac Nacional
CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras
de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA
editores.
RICARD, Matthieu,
(2005). Em Defesa da Felicidade. Trad. Ana Moura. Cascais: Editora Pergaminho,
Ldª.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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