Muitos são os princípios, valores e sentimentos que
podem contribuir para uma vida melhor, não tanto na perspetiva material mas,
principalmente, no âmbito superior e sublime que é o espiritual, onde os mais
secretos desejos, as maiores desilusões, os projetos mais íntimos e as
cumplicidades se escondem do mundo complexo, por vezes perverso, também, em
algumas circunstâncias, muito específicas, quanto ao exercício da solidariedade
e generosidade.
A vida moderna impõe padrões de intervenção que,
quantas vezes, contrariam a própria natureza e maneia de ser das pessoas. Hoje,
(2014) a necessidade, qualquer que ela seja: material, social, política,
estatutária, poder em geral, ergue-se muito acima do racional e moralmente
aceitáveis, porque a pessoa só é importante enquanto detém alguma forma de
influência, algum tipo de decisão, num determinado setor e/ou assunto.
A verdade, contudo, é que a vida é curta, muito
rápida na sua trajetória terrena e, tendo em atenção esta realidade, facilmente
se pode inferir que é muito importante tudo se fazer, para que a nossa passagem
por este mundo seja o mais agradável possível, por vezes com alguns exageros,
não se olhando a meios par se atingirem determinados fins e, pior do que isso,
desconsiderando, humilhando e prejudicando outras pessoas, nos seus mais
elementares direitos ao respeito, à estima, à dignidade.
Desenvolver atitudes comportamentais que visem
proporcionar uma qualidade de vida digna da superior condição humana pode,
desde já, ser um primeiro caminho a percorrer, porque é essencial estarmos de
bem connosco, antes de nos envolvermos em quaisquer atividades na sociedade
onde nos encontramos inseridos, ou seja: procurarmos tudo fazer para que
possamos ter uma tranquilidade espiritual que influencie as nossas relações
interpessoais pela positiva.
Qualquer noção de vida melhor deve começar na
própria pessoa, porque só ela conhece, e quando conhece, as suas dificuldades,
os seus anseios, os seus projetos. Pertence à pessoa avaliar o seu nível, por
exemplo, de auto-estima, a partir da noção do próprio estado de espírito e,
neste caso: «Auto-estima é a vivência de
sermos apropriados à vida e às exigências que ela faz. Mais especificamente,
auto-estima é: 1) Confiança em nossas capacidades para pensar e enfrentar os
desafios da vida; 2) A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de
sermos merecedores, dignos, qualificados para expressar nossas necessidades e
desejos e desfrutar os resultados de nossos esforços.» (NATHANIEL BRANDEN,
in CLARET, s.d.:13).
A velha máxima Socrática do “Conhece-te a ti próprio” é aqui muito importante, na medida em que:
qualquer relacionamento pressupõe um mínimo de conhecimento do outro, para ter
sucesso; todavia, é indispensável que as pessoas se esforcem para se determinarem
perante os seus semelhantes, a partir do que sabem de si mesmas, porque melhor
poderão avaliar o nível da relação.
Aceita-se, sem grandes reservas, que para uma vida
melhor, entre muitos fatores materiais e imateriais, o valor, ou, se se
preferir, uma atitude de compreensão, justamente a partir do “Conhece-te a ti próprio” é, seguramente,
uma boa postura, considerando, inclusivamente, um dos muito conceitos de
compreensão.
Pode-se aceitar que: «O exercício da compreensão é como um bálsamo agradável e salutar para
eliminar todas as feridas prejudiciais ao ser humano. Também a compreensão é
muito importante para o melhor equilíbrio energético e, em consequência,
favorecer o descortinar dos mais sadios e positivos caminhos para uma
comunicação paranormal, sempre mais eficaz» (FRANCESCHINI, 1996:126).
É claro que compreender não significa abdicar de
princípios, valores, sentimentos e emoções, que constituem parte da nossa
personalidade, que integram o nosso caráter, que sustentam a nossa honra,
bom-nome e dignidade. A compreensão, por exemplo, não poderá ser compaginável
com atitudes desencadeadas pelos nossos semelhantes, quando visam denegrir e
negar aqueles valores a que temos direito.
Não confundir compreensão com tolerância é
essencial, porque: quer uma, quer outra, pressupõem limites, no sentido em que
tudo se poderá compreender e tolerar, mesmo que outros princípios, valores e
sentimentos sejam negados. Compreensão e tolerância, sem prejuízo de deveres e
direitos de terceiros. Ninguém deve ser ilimitadamente compreensivo e
tolerante, prejudicando outras pessoas e/ou a si próprio, porque então toma-se
o caminho da parcialidade e da injustiça.
Compreende-se, e aceita-se, que qualquer pessoa
desenvolva todas as suas capacidades, mova influências e se entregue totalmente
a um objetivo, procurando alcançar os melhores resultados, porém, sem colocar
em causa idênticos direitos de seus semelhantes, sem prejudicar, de alguma
forma ou por um qualquer processo, os legítimos e legais interesses de
eventuais concorrentes. Aqui deve funcionar a lealdade, o respeito, a correção
e boa educação e, sempre que necessário, a solidariedade e, por que não, a
amizade.
A sociedade complexa que atualmente se enfrenta,
envolve situações, por vezes, dramáticas, para partes significativas das
populações, mas também condições muito favoráveis para outros extratos mais
pequenos. Verifica-se que os princípios, valores e sentimentos não são
necessariamente idênticos, porque os objetivos são diferentes e os meios a
utilizar para alcançar os melhores resultados também são diversos.
Aceita-se, como verdadeiro, que qualquer pessoa
goste, minimamente, de si própria e que, por isso mesmo, faça alguma coisa para
usufruir do melhor nível possível na vida. Admite-se que em cada indivíduo
exista: alguma, razoável, muita ou excessiva auto-estima, que é necessária para
se ter sucesso na vida, porque se trata de uma auto-avaliação que conduz a um
maior ou menor nível de confiança em si próprio, nas suas capacidades.
Com efeito, tudo indica que: «Hoje, experiências comprovam que, ao agir como se fossem dotados de
elevada auto-estima, os indivíduos acabam desenvolvendo um melhor sentimento
sobre si mesmos. No mundo do futuro, em que o ser humano é cada vez mais
valorizado, o domínio dos mecanismos que levam à felicidade será prioritário e
percebido como um verdadeiro fator crítico de sucesso de vida. Nestes novos
tempos, ser bem-sucedido estará intrinsecamente vinculado a ser feliz.»
(VIANA & VELASCO, 1998:143).
É claro que para uma vida melhor, afigura-se
indispensável haver um permanente equilíbrio entre as dimensões material e
espiritual, da pessoa humana, porque ambas são necessárias para que a
convivência harmoniosa, a estabilidade no conforto e a segurança quanto ao
futuro se conjuguem, permanentemente, em todas as fases da vida, com especial
acuidade na parte final da existência humana.
Importa, aqui e agora, desenvolver uma ideia que
parece pretender denegrir todos aqueles que, trabalhando uma vida inteira,
cumprindo com todas as suas obrigações que lhe eram impostas e que, acreditando
nas instituições, como sendo pessoas coletivas de bem, objetivamente, o Estado,
composto pelos seus governantes, tais pessoas tenham projetado um final de vida
tranquilo, relativamente confortável, enfim, tenham nesta fase das suas
existências, uma vida melhor, mas que agora, são confrontadas com a negação dos
seus direitos.
E uma vida melhor não significa apenas ter uma
reforma, pode e deve ser muito mais do que isso. Uma vida melhor também se
identifica com atividade, participação, reconhecimento, utilidade, de um
conjunto de pessoas, muito válidas, experientes e que detestam a ociosidade,
que pretendem continuar a ser produtivas, não só para elas, como para a
sociedade, significando esta posição uma forma de vida melhor, o processo,
afinal, para a vida boa.
É sabido que, por exemplo: «Na cultura indígena, assim como em outras, a idade traz uma
experiência que é usada em benefício das comunidades. Limitar a ação das
pessoas por seu tempo de vida é aniquilar as informações que elas carregam.
Essas informações, se não forem usadas, tornam-se verdades que, dentro dos
corações delas, ficam ultrapassadas por meio de uma visão fragilizada de
desprezo ou descaso com relação às suas existências como terceira geração.»
(ROMÃO, 2000:171).
Quando se reflete sobre uma vida boa, ou melhor
vida, pretende-se que este conceito seja abrangente a todas as faixas etárias
dos escalões societários mais desfavorecidos, que são a maioria das pessoas,
porque um bom nível e qualidade de vida são essenciais para se viver numa
sociedade mais justa, onde o futuro não se constitua em incertezas, em perdas
de direitos conquistados ao longo de uma vida de trabalho. Que um futuro
desejado e merecido não seja de pesadelo, mas com uma esperança e realidade de
melhor vida.
Bibliografia
CLARET,
Martin, (s.d.). O Poder da Auto-Estima. São Paulo: Editora Martin Claret
FRANCESCHINI,
Válter, (1996). Os Caminhos do Sucesso. 2ª Edição, Revista e Ampliada. São
Paulo: Scortecci
ROMÃO,
Cesar, (2000). Fábrica de Gente. Lições de vida e administração com capital
humano. São Paulo: Mandarim.
VIANA,
Marco Aurélio Ferreira, & VELASCO, Sérgio Duarte, (1998). Futuro:
Prepara-se. Cenários e Tendências para um Mundo de Oportunidades. 3ª Edição.
São Paulo: Editora Gente.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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