Salvo raras e dramáticas
exceções, onde a força das armas foi utilizada para, alegadamente, defender
direitos fundamentais da humanidade, violados por minorias elitistas
(Iraque/Kuwait, Indonésia/Timor, Jugoslávia/Kosovo, Síria, entre outros) estará
inequivocamente provado que terá de ser pela força da razão, do diálogo, da
democracia e da solidariedade que o Homem resolverá os problemas mais
prementes.
Trata-se de um caminho
difícil, de paciência, de persistência, de cedências recíprocas, mas que,
indubitavelmente, nos conduz à sublime dignidade de podermos ser, finalmente, “pessoas humanas civilizadas”.
Não é nada fácil, a um
qualquer cidadão, optar por caminhos tão complexos e assumir papéis públicos e
privados em coerência com as metodologias que são indispensáveis aplicar para,
ao fim de um determinado tempo e percurso, podermos vislumbrar alguns
resultados, por pequenos que eles sejam. Sim, porque o resultado final há-de
ser, sempre, um produto inacabado, ainda que em constante aperfeiçoamento.
Ao longo desta caminhada, cada
um de nós, terá de assumir-se, inequivocamente, como um paladino dos
princípios, valores e sentimentos que deverão nortear as sociedades modernas,
onde, de resto, quase nada de material nos falta, mas, também, onde reina,
infelizmente, muita discórdia, onde os espíritos não sossegam e vivem em
profunda e quase permanente ansiedade.
Em termos de estratificação
etária, gostaria que me permitissem, na perspectiva do aprofundamento desta
reflexão, tendo em consideração os estudos sociais, quanto à esperança de vida,
sugerir uma sequência simplificada da progressão do Homem, este integrado numa
sociedade em desenvolvimento.
Consideraria, então, quatro
períodos ou fases importantes da vida de todos nós: 1) período de preparação
para a vida ativa; 2) fase da vida produtiva, 3) etapa de passagem de
testemunho; 4) espaço de preparação para uma outra existência transcendental,
quaisquer que sejam as nossas convicções teleológicas.
No primeiro período, a sociedade, com todas as
suas instituições: família, escola, igreja, política, tem a obrigação de
preparar o jovem para assumir um papel no seio da comunidade; num segundo
percurso, o “jovem-adulto; integrar-se-á, numa sociedade complexa, ativa
competitiva, desenvolvendo uma atividade profissional produtiva, contribuindo
para o aumento da riqueza material, mas também, paralelamente, para o
enriquecimento intelectual e espiritual dessa mesma comunidade, intervindo
sempre que possível, nos diversos setores da vida societária; numa terceira
fase, na qual, este homem que gostaríamos pudesse vir a ser o cidadão do
futuro, carregado de experiências, dotado com uma maturidade consolidada,
cauteloso, previdente, moderado, tolerante e cooperante, possa, pelo seu
exemplo, pela sua sabedoria, transmitir, compartilhar, estimular, precisamente,
todos aqueles adolescentes e jovens da primeira idade da vida e, finalmente, no
espaço temporal que lhe restará, segundo a esperança de vida e em condições
normais, consciencializar-se para um fim biológico próprio da dignidade da
pessoa humana e iniciar toda uma meditação e preparação para uma outra
existência.
Resumiríamos, na medida do
possível, quantificando, aqueles 4 períodos ou fases, os quais compreenderiam:
o primeiro até aos 23/25 anos; o segundo dos 23/25 aos 60/65; a terceira fase
entre os 60/65 até cerca dos 80 anos e finalmente a última fase prolongar-se-ia
até à morte física, podendo haver entre aquelas idades, pequenos períodos de
cerca de 2/3 anos de transição.
Todos somos necessários e
úteis em qualquer idade, é isto o que pretendo provar com a teoria que acabei
de expor nestes parágrafos, porque temos a obrigação de desenvolver um projeto
de vida privada e pública, enquanto possuidores das capacidades físicas,
inteletuais e éticas, adequadas a tais projetos e à sociedade.
Sabemos ser difícil abdicar,
quando necessário ao bem comum, de posições individualistas; custa-nos, por
vezes, perder privilégios que obtivemos com algum esforço próprio, mas, nem
sempre, por processos legítimos, transparentes e não prejudiciais a terceiros.
Agimos, em certas
circunstâncias, a partir de velhos e desajustados preconceitos. Exercemos, em
certas situações, o autoritarismo para dominarmos e humilharmos aqueles que
podem obstaculizar os nossos projetos egoístas, individualistas, hipócritas e
desmesurados, em prejuízo de terceiros. Contribuir para a mudança, também é
função do professor/formador.
A idade, o percurso efetuado
nas primeiras etapas desta breve “corrida” pelo mundo terreno em que nos
encontramos, dão-nos a possibilidade de, pelas experiências vividas, com maior
ou menor intensidade, com maior ou menor sucesso, podermos, a partir de agora,
e como refiro nesta reflexão, iniciar, com proveito para a sociedade, a
terceira etapa. Na meu caso em concreto, estou disponível, estimulado,
determinado e preparado, ainda que minimamente, para passar este testemunho,
repleto de vivências, atitudes, valores e princípios, aos “atletas” da primeira
etapa.
Assim, pretendo justificar o
meu interesse, empenhamento e dedicação com uma metodologia muito simples mas
objetiva: primeiro, conseguir, pelos estudos que venho fazendo nos últimos
trinta anos, alcançar mais uma pequena “meta-volante” desta etapa; segundo,
manter-me e envolver-me mais profundamente no ensino, educação e formação
profissional como atividades nobres, úteis e motivantes para mim e para a
sociedade que, em cada momento e lugar, vou fazendo parte; terceiro, continuar
a participar na vida ativa comunitária, seja ao nível politico-institucional,
seja no âmbito sócio-profissional, seja no quadro das coletividades e
organismos intelectuais, culturais, mutualistas, humanitários e de
solidariedade social, preferencialmente.
Este desígnio terá a garantia
da minha determinação na implementação de um projeto de vida que possa ser
útil, ainda que simbolicamente, à sociedade em geral, mas e fundamentalmente,
às comunidades de língua portuguesa e, nesta linha, tentarei sempre ser fiel à
língua, à história e à cultura dos povos que adotaram como pátria a língua
lusitana.
Nenhum sistema
político-constitucional, nenhum Governo, nenhum cidadão, têm o direito de
excluir da vida ativa da sociedade, aqueles que, independentemente de terem ou
não frequentado estabelecimento de Ensino Superior, se prepararam também na
universidade da vida, porque sabemos o suficiente para aceitarmos sem reservas,
que, atualmente, o conhecimento científico, as técnicas e tecnologias, os
paradigmas, não são absolutos e imutáveis, bem pelo contrário, a
transitoriedade, a insuficiência, o desconhecido e o misterioso, provocam-nos
tal ansiedade e insatisfação que, para além dos princípios e valores imateriais
e espirituais, pouco, muito pouco, poderá ser definitivamente seguro e estável.
É aqui e por isso mesmo que
entram atitudes, princípios, valores, sentimentos, direitos e deveres que a
universidade da vida nos ensina. A impetuosa generosidade e voluntarismo da
juventude; o calculismo, a objetividade inconfessável e o materialismo que
ainda adultos ativos, procuram justificar certas atitudes e comportamentos,
devem ser moderados, caldeados, temperados com esta prudência sábia que se
adquire ao longo da vida e que deve ser transmitida, incutida, estimulada em
toda a sociedade e a todos os níveis etários, porque afinal, ninguém estará
isento de erros, de atitudes menos boas, incorretas e injustas, de
comportamentos menos exemplares, por isso, todos seremos poucos para
melhorarmos a convivência entre cidadãos desta mesma pátria ecuménica que todos
habitamos.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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