Ao
longo do período da História da Humanidade, as gerações sucedem-se,
normalmente, e cada uma tem os seus princípios, valores e sentimentos, em
algumas delas, idênticos aos que lhes foram transmitidos pela família, pela
Igreja, pela escola, pela empresa, pela sociedade e, em outras gerações, a
formação axiológico-sentimental obedece a agentes socializadores
não-tradicionais, eventualmente, marginais à própria cultura autóctone.
Vive-se
a era das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Hoje, 2015, pode-se
afirmar que se torna praticamente impossível viver sem estas tecnologias e são,
precisamente, as novas gerações que dominam este novo, fantástico e audacioso
mundo. A privacidade vai sendo posta em causa, os excessos cometem-se com uma
frequência impressionante, designadamente através das denominadas redes
sociais.
Indiscutivelmente
que a internet se tem revelado um instrumento de comunicação, de investigação,
de divulgação de descobertas científicas, de localização de lugares e espaços
físicos em qualquer parte do universo, enfim, um mundo de possibilidades para a
informação circular e chegar praticamente a toda a gente, em tempo real.
As
novas gerações, quer no presente, quer num futuro muito próximo, como que
invadem o mundo estando presentes em qualquer canto do globo, conversando,
enviando e recebendo informação, atualizando-se a propósito de qualquer
assunto, acedendo a matérias que em muitos casos ainda não chegaram ao
conhecimento de todas as pessoas. A informação é tanta, tão diversificada e
sempre em crescendo que se torna praticamente impossível estar razoavelmente
atualizado, mesmo em domínios em que possamos ser especialistas.
Interessa,
portanto, analisar até que ponto este mundo fantástico das tecnologias da
informação e da comunicação tem impactos positivos para a reconstrução de um
futuro melhor para a humanidade, nesta se incluindo, obviamente, todas as
gerações, cabendo aqui enfatizar as que se preparam para conduzir a sociedade,
num futuro muito próximo, aos mais elevados níveis de bem-estar, no respeito
pelos seus antepassados e pela cultura herdada.
Evidentemente
que como tudo na vida, sempre haverá aspetos positivos e negativos nestas
tecnologias, que cada vez são mais utilizadas, por todas as gerações, naturalmente
com mais habilidade e eficácia pelas mais novas que dominam na perfeição todas
as funções, e rentabilizam ao máximo as inúmeras potencialidades, com
resultados espetaculares.
Acontece
que as novas gerações ao deixarem-se assoberbar tão intensamente pelas
tecnologias, por vezes esquecem outras atividades, compromissos, princípios,
valores e sentimentos, tão necessários numa sociedade complexa, que vive em
permanente conflito, com diversos problemas que, para a maioria, as agruras da
vida vêm colocando e que os computadores, por si sós não resolvem e quando
solucionam alguma situação, é necessário que lhes sejam fornecidos,
corretamente, todos os elementos, com sentido e perspetivas humanas.
Portanto,
não basta a estas novas gerações, dominarem na perfeição as tecnologias
modernas e do futuro, se não forem preparadas numa cultura axiológica ao
serviço da dignidade das pessoas; é insuficiente modernizarem equipamentos,
infraestruturas, metodologias e outros recursos se não estiverem sensibilizadas
para detetar, compreender e resolver os verdadeiros problemas das pessoas: é
inadequada qualquer preocupação de natureza quantitativa, no tocante a alcançar
objetivos se não houver uma predisposição para motivar colaboradores, para
avaliar correta e justamente, sabendo distinguir quem é merecedor de prémio e
quem não o é, numa determinada atividade ou num contexto específico.
As
gerações mais novas, que atualmente já ocupam lugares importantes de chefia,
direção, administração e outros altos cargos, não podem ignorar os testemunhos
do passado, não devem rejeitar as sugestões, as boas-práticas de quem já
exerceu idênticas funções, porque será no caldeamento de conhecimentos,
experiências e novos instrumentos de trabalho, conjugadamente com diferentes
conceitos e objetivos, que se alcançam melhores resultados.
Pelo
facto de alguém ter conhecimentos, experiências, bons resultados numa dada
função, cargo, departamento ou instituição, isso não pode ser utilizado como
uma espécie de “arma de arremesso de
superioridade profissional”, bem pelo contrário, quem estiver em tais
condições, o que deve fazer é, com toda a humildade, ensinar quem não sabe,
(jamais perseguir, reprimir, castigar) de forma pedagógica, humana, sem
humilhar ou magoar a sensibilidade de quem sendo mais limitado, ainda assim,
deseja e esforça-se por aprender.
É
fundamental acreditar-se nas potencialidades, na generosidade e no voluntarismo
das novas gerações mas, por sua vez, estas também devem respeitar a
ancestralidade, porque é no passado que vamos beber tudo o que é necessário
para vivermos um presente efémero e construir um futuro, este sim, com menos
erros dos que foram cometidos no pretérito, até porque, por mais avançadas que
a ciência, a técnica e a tecnologia estejam, sempre vai haver um desconhecido,
algo para se descobrir e/ou redescobrir, adaptar e/ou readaptar.
Justifica-se
que as novas gerações se preocupem com um certo dinamismo intelectual, com uma
determinada personalidade, sempre em evolução, para o bem, se se preferir, a
flexibilização de análises, de decisões, de comportamentos, no sentido de se
resolverem, adequada, com justiça e humanismo, exactamente, os problemas que
afetam as pessoas e não, como por vezes acontece, agravar situações, conflituar
por mera obstinação, apenas e tão só para demonstrar o poder de subjugar,
humilhar e destruir os seus semelhantes.
A
sociedade, extremamente complexa, em que estas novas gerações vão desenvolver
as suas atividades: familiares, académicas, profissionais, políticas,
religiosas, sociais, associativas, enfim, grupais, entre outras possíveis,
certamente que lhes vai exigir muito mais do que recebera das gerações
anteriores, aliás, nem de outro modo poderia ser, considerando que o que mais
se deseja é o desenvolvimento sustentável, justo, harmonioso, em que os valores
da solidariedade, da amizade, da lealdade, da liberdade, da igualdade e da
segurança, entre outros, se tornem efetivos, estáveis e em permanente
aplicação.
A
coesão entre gerações poderá ser o segredo para se constituir uma sociedade
mais justa, mais dinâmica, também mais evoluída no sentido do desenvolvimento
sustentável, embora sempre em progressão positiva. Ninguém tem nada a perder
com a união das gerações, pelo contrário, isso permitirá reforçar os laços de
solidariedade, de amizade, de respeito, consideração e tolerância, até porque
os mais idosos têm um débito para com os seus antepassados, assim como e por
razões semelhantes, as gerações do futuro terão muito para agradecer a quem
lhes possibilitou, por exemplo, ocuparem posições de relevo na sociedade.
Naturalmente
que também se pode constatar e, em algumas circunstâncias, com muita razão,
diversas situações a que nos conduziram algumas gerações que precederam as
atuais, por erros cometidos, por estratégias desajustadas, por objetivos nem
sempre alcançados, enfim, por dificuldades que, atualmente, se fazem sentir em
diversos setores da sociedade em geral, e mesmo ao nível individual.
Novos
paradigmas societários estarão, porventura, na inteligência, generosidade e
determinação das gerações futuras, porque elas saberão o que será melhor, quer
para elas mesmas, quer para os seus progenitores e não será facilmente crível
que desejem uma vida indigna para os seus pais, avós, parentes, amigos e
colegas, sabendo-se, também, que em parte, a postura das gerações que hoje se
preparam para comandar o mundo, dependerá muito dos princípios, valores e
sentimentos que, no presente, lhes forem sendo transmitidos pelas mais diversas
instituições: família, Igreja, escola, empresa, comunidade.
É
verdade que nas últimas décadas o regime democrático tem apostado muito na
educação, na formação, na valorização pessoal e profissional, contudo, talvez,
não tanto como deveria, por isso o reforço nas políticas educativas e de
formação profissional, ao longo da vida, seja o rumo certo a seguir, para que
um dia as gerações que agora se aproximam do “final da linha da vida”, possam usufruir de um pouco mais de
conforto, de segurança, de tranquilidade a todos os níveis.
Por
tudo quanto aqui fica refletido, poder-se-á considerar crime lesa dignidade da
pessoa humana quaisquer medidas, normas, regulamentos, leis que coerciva e
desumanamente retirem direitos adquiridos com tanto esforço, sacrifício e,
inclusive, despesa. As gerações do futuro deverão ter tudo isto em atenção para
que um dia não lhes venha a acontecer o mesmo, o que certamente, não iriam
gostar.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone:
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http://fernandorpatrocinio.blogspot.com.br/
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