O acompanhamento do desempenho profissional,
académico, institucional ou de qualquer outra natureza requer, por parte de
quem tem essa responsabilidade, uma preparação, o mais possível polivalente,
para conseguir avaliar e gerir capacidades técnicas, humanas e relacionamentos
interpessoais, características essenciais aos diferentes colaboradores,
considerando que os objetivos são, no final, comuns a todos, ou seja: quanto
melhor for a qualidade dos bens e serviços, tanto melhor para a instituição e
para todas as pessoas que, de alguma forma, com ela se relacionam.
É por isso que: «A
gestão do desempenho é um tema central na gestão das organizações. Pode ser
definida como: “Um processo contínuo de identificação, medição e desenvolvimento
dos indivíduos e equipas, e de alinhamento do respectivo desempenho com os
objectivos estratégicos da organização” (AGUINIS, 2009b, in CUNHA, et. al.
2010:492). Dela depende o sucesso
estratégico da organização e, numa linguagem empresarial, a capacidade
competitiva da empresa.» (CUNHA, al., 2010:492).
Para que o responsável pela gestão do desempenho
seja justo nas avaliações que vai fazendo, é imprescindível que os
colaboradores tenham interiorizado, plenamente, a cultura da instituição, isto
é, tem de existir: «O alinhamento entre a
acção dos indivíduos e os objectivos e valores da organização, o que é
fundamental para que cada colaborador compreenda o seu papel e o seu contributo
para o sucesso da organização. Sistemas de avaliação de desempenho em que este
alinhamento não seja percepcionado pelos colaboradores são meros instrumentos
de diferenciação e discriminação, gerando prováveis resistências e
conflitualidade.» (Ibid.:493).
Quando se abordam situações, em que estão
envolvidas pessoas, há sempre diversos parâmetros que se colocam para
apreciação, seja qual for o contexto e, na circunstância, princípios, valores e
sentimentos, invariavelmente, surgem no conjunto dos requisitos e competências,
em avaliação, que devem ser cuidadosamente ponderados, a fim de se evitarem
avaliações contaminadas por conjunturas alheias ao processo.
As pessoas, em regra, não se comportam, sempre, e
rigorosamente, da mesma maneira, não são fórmulas matemáticas, ou quaisquer
outros modelos da área das ciências exatas, porque ao longo das suas vidas, os
ciclos biológicos, espirituais e anímicos vão sendo diferentes, além disso, num
só dia, quantas vezes se vivem períodos completamente opostos, que podem ir: da
tristeza à alegria, do desânimo à motivação, da covardia à coragem, da renúncia
ao voluntarismo e, todos estes estados de espírito influenciam, naturalmente, o
desempenho, seja numa atividade profissional, familiar, social, institucional,
ou qualquer outra.
O dirigente, gestor, supervisor e/ou quem detém
competências para avaliar, designadamente os seus subordinados, deve estar
continuadamente muito atento, para perceber todas as alterações comportamentais
dos colaboradores, tentar saber as razões, encontrar as melhores soluções, para
ajudar o trabalhador a ultrapassar situações que o impedem de ser mais
competente, de desempenhar melhor as respetivas funções.
Ao administrador do desempenho dos seus
colaboradores cabe-lhe, também, manter-se numa posição que inspire confiança
aos avaliados, que estes tenham motivos para ver que naquele têm um amigo, que
sabe compreender as dificuldades, que revela, afinal, desejar fazer deles os
mais produtivos e dignos.
O avaliador do desempenho deve ser o primeiro a
demonstrar perante os seus avaliados que: «As
atitudes, assim como os sentimentos, são contagiosas. Quando parecemos muito
motivados e positivos, as pessoas querem ficar perto de nós para serem
iluminadas pelo clarão da nossa autoconfiança. Por outro lado, quando a nossa
auto-estima está baixa, tendemos a sugar a energia das pessoas à nossa volta.» (CARVALHO,
2007:34).
Indiscutivelmente que os exemplos, os bons,
obviamente, devem vir de cima, porque só assim haverá autoridade moral e ética
para se exigir aos subordinados bons desempenhos, até porque: «A gestão do desempenho procura garantir o
sucesso estratégico sustentado da organização, não só através da melhoria dos
comportamentos dos seus membros, mas também da melhoria dos aspectos
organizativos, tecnológicos e processuais – de forma a atingir elevados níveis
competitivos. Podem distinguir-se três grandes níveis de objectivos:
estratégicos, de desenvolvimento individual e de gestão e organização do
capital humano.» (CUNHA, et. al., 2010:495).
É indiscutível que também se defende aqui, neste
trabalho, a responsabilidade dos colaboradores, no sentido de se manterem
atualizados, solidários com os objetivos da instituição, empenhados na sempre
crescente produtividade, em quantidade, qualidade e respeito pelos clientes e
fornecedores e, agindo assim, seguramente que terão de ser avaliados com
justiça e convencerem-se que vale a pena dedicarem-se, sem constrangimentos nem
receios de despedimento, e muito menos temerem por serem avaliados iniquamente
com prejuízos para as suas carreiras.
Por outro lado, é igualmente verdade que os gestores
do desempenho, devem ser os primeiros a valorizar e avaliar, com imparcialidade
e, simultaneamente, com incentivos aos trabalhadores, sabendo que: «O homem sempre precisa de viver do seu
trabalho, e seu salário deve ser suficiente, no mínimo, para a sua manutenção.
Esses salários devem até constituir-se em algo mais, na maioria das vezes; de
outra forma seria impossível para ele sustentar uma família e os trabalhadores
não poderiam ir além da primeira geração.» (SMITH, 1988:64-65).
Acontece, portanto, que ambas as partes – gestores
e trabalhadores -, devem colaborar reciprocamente, porque os objetivos da
instituição são comuns a todos quantos de, alguma forma, dão o seu contributo,
para o desenvolvimento, sustentabilidade e prestígio da organização que servem.
Nenhum colaborador pode dar o seu melhor se se sentir injustiçado, se verificar
que o seu salário, carreira profissional e outros benefícios são inadequados,
em função do que lhe é exigido.
As diversas situações difíceis, que se vivem nesta
segunda década do século XXI, levam as pessoas a recearem o futuro, tanto mais
quanto é certo que se alteram leis da “noite
para o dia”, que se retiram direitos consagrados em documentos legais
assumidos por empregadores e empregados, que se “rasgam” contratos firmados de boa-fé. Hoje, (2015) ninguém pode
sentir-se totalmente confiante, porque, praticamente, quase tudo funciona à
volta de “promessas” que, em muitas
situações, não se cumprem, designadamente, na esfera política.
A sociedade, as instituições, os grupos e as
pessoas carecem, cada vez mais, de confiar nas suas próprias crenças, nos seus
princípios, valores e sentimentos, e que elas sejam compreendidas por todos
aqueles que têm poderes de avaliação, na medida em que: «As nossas crenças assentam no nosso sistema de valores – ou seja, na
hierarquia que estabelecemos interiormente sobre tudo aquilo que mais
valorizamos mais e menos. Os nossos valores são isso mesmo: tudo aquilo que
valorizamos na vida, e que levamos em conta na nossa tomada de decisões. Os
valores em si são iguais para todas as pessoas, ou seja, todos partilhamos os
mesmos valores: amor, paz, liberdade, família, segurança, sucesso, honestidade,
prosperidade, alegria, amizade, trabalho, dedicação, inovação, criatividade,
paixão, diversão …» (NOGUEIRA, 2014:63-64).
Pode-se inferir que o administrador do desempenho
dos colaboradores, para ser justo e imparcial, deverá ter em conta toda uma
complexidade de princípios, valores, sentimentos e emoções que ao longo de um
dia, de uma semana, de um mês, um ou vários anos de trabalho, aqueles vão
manifestando as causas que estão na base de certos comportamentos, o que
poderá/deverá ser feito para melhorar o desempenho, incluindo aqui todas as
estratégias que visem a melhoria contínua, como ações de formação, treinamento,
reciclagem e só depois é que se fará a avaliação e, ainda assim, sempre com
critérios humanos, tolerância, compreensão e ajuda.
Seria inadmissível avaliar o desempenho de um
colaborador quando este está a atravessar um momento difícil da sua vida
pessoal, familiar, profissional e social, porque isso equivaleria a estar a “apunhalá-lo pelas costas”, seria de
grande covardia, cruel e desumano.
Bibliografia
CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão de
Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: SENAC Nacional
CUNHA,
Miguel Pina, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano.
2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.
NOGUEIRA,
Daniel Sá, (2014). Trate a Vida Por Tu e Tenha a Vida com que sempre Sonhou. 8ª
Edição. Alfragide: Lua de Papel-Grupo Leya
SMITH, Adam, (1988). A Riqueza das Nações,
Investigação sobre sua Natureza e suas Causas, Vol. I Trad. Luiz João Baraúna,
São Paulo: Nova Cultural.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400
689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “A Nossa Gente”
Jornal: “Terra e Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com
(Link’s Cidadania e Tribuna)
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