A
vida em sociedade desenvolve-se em diversos contextos, desde o individual,
passando pela família, o grupo, o trabalho, cidadania com tudo o que esta
implica, religião, lazer, entre outras ocupações. Vive-se um tempo que,
enquanto tal, é irreversível, mas que no que concerne aos fenómenos da natureza
se repete todos os anos, pelas mesmas épocas, com mais ou menos intensidade. O
ser humano experiencia, portanto, estes acontecimentos, dá-lhes significado e, precisamente,
com o decorrer do tempo, anos, (passam a tradições, integrando, inclusivamente,
uma cultura: seja elitista; seja antropológica).
Ao
longo do ano, muitos são os dias comemorativos de algum facto importante, em
que se imprime um simbolismo específico, como por exemplo: o dia mundial da
paz; o dia das mães; o dia do pai; o dia da música; o dia dos direitos humanos,
e tantos outros que se comemoram a nível nacional, internacional e universal.
Seguramente que se desejaria que estes dias nacionais ou internacionais,
simbolizando um evento, fossem festejados todos os dias ao longo do ano, isto
é: todos os dias deveria ser Natal; todos os dias deveria haver paz.
O
que acontece é que tal não se verifica, então resta-nos comemorar,
precisamente, um dia festivo de cada vez e, com esta lógica, aborda-se neste
trabalho o que se convencionou designar por “Dia dos Namorados” que, tradicionalmente, se comemora a catorze de
Fevereiro de cada ano, recorrendo-se às mais diversas, quanto emocionantes
manifestações de amizade, carinho, paixão, amor, entre duas pessoas que se
dizem amar uma à outra.
O
Dia dos Namorados, em princípio, é usualmente mais vivenciado, justamente, por
casais que, alegadamente, estão apaixonados, em que tanto a mulher quanto o
homem se sentem felizes (pelo menos nesse dia), quando estão juntos e/ou sabem
que são correspondidos, onde não falta, entre eles, as boas práticas de
princípios, valores, sentimentos e emoções, desde logo a solidariedade, o amor,
a lealdade, a reciprocidade, a cumplicidade, a partilha e, numa fase mais
adiantada, projetos comuns, tais como: casar, ter filhos, enfim, constituir
família.
Sabe-se que o patrono
dos namorados é S. Valentim, cuja história, afinal, centra-se, precisamente, na
proteção que ele teria dado a um jovem casal de namorados: «São Valentim, é um santo reconhecido pela Igreja
Católica e igrejas orientais que dá nome ao Dia dos
Namorados em muitos países, onde celebram o Dia de São Valentim. O
nome refere-se a pelo menos três santos martirizados
na Roma antiga.
O imperador Cláudio II,
durante seu governo, proibiu a realização de casamentos
em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército.
Cláudio acreditava que os jovens, se não tivessem família, iam alistar-se com
maior facilidade. No entanto, um bispo romano
continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome
era Valentim e as cerimónias eram realizadas em segredo. A prática foi
descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso,
muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam
no amor.
Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega,
Artérias, filha do carcereiro, a qual conseguiu a permissão do pai para visitar
Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e, milagrosamente,
a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a
jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje
utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de
Fevereiro de 270.
Entretanto, desde 1799 sua data não é mais celebrada oficialmente pela
Igreja Católica em função da precariedade de comprovações históricas que levam
em questão até mesmo a sua existência. Assim ele é considerado o santo do dia
dos namorados.» (http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Valentim
em 05.02.2015).
Comemorar o dia dos
namorados, de uma forma exuberante, com imensas manifestações de carinho, de
juras e promessas de amor para o resto da vida, eterno, pode ser motivo
interessante, e sê-lo-á, certamente, se houver consequências positivas, ou
seja: se se cumprir tudo o que é prometido no calor da paixão, no acompanhar um
gesto de carinho, numa atitude mais íntima, não só no próprio dia, mas ao longo
da vida, obviamente, desde que cada elemento do casal faça bem a sua parte, com
amor responsável, seriedade e respeito.
Mas o dia dos namorados
não tem que ser exclusivo de jovens que namoram, porque certos sentimentos
como: a amizade, o “Amor-de-Amigo”, o
amor dos nubentes, não se esgotam com e no período pré-matrimonial, nem com uma
relação de companheirismo entre amigos, muito menos desaparece em função da
idade, pelo contrário, com a idade, aquela paixão dos vinte, vinte e cinco
anos, por vezes irresponsável, ou aquela outra de “conquistadores” de mulheres fragilizadas, de “pinga-amores de fim-de-semana”, ou ainda de “oportunistas” que se dizem amigos da família, para depois “agarrarem” as suas vítimas, abusando,
exatamente, da confiança, que lhes foi concedida (e vice-versa), vai sendo
substituída pelo amor incondicional que, na hora certa, está lá para apoiar,
proteger, defender e solidarizar-se com a pessoa amada, justamente por pessoas
bem maduras, prudentes e com elevados níveis de responsabilidade.
O amor não é,
decididamente, exclusivo dos namorados, até porque como é fácil constatar,
existem várias naturezas de amor, com dimensões diferentes, amor: materno,
paterno, fraterno, conjugal, “amor-de-amigo”,
entre outros que se conhecem e que cada um, à sua maneira, pode conduzir a um
certo nível de alegria, de harmonia e felicidade, do desejo de estar sempre ao
lado da pessoa amada.
No Dia dos Namorados,
será muito importante que os casais, independentemente da sua constituição,
renovem e assumam a responsabilidade pelo cumprimento do que se prometeram um
ao outro, porque só assim podem garantir um futuro de felicidade, justamente, a
partir do exercício de um sincero, profundo e intenso amor altruísta, na medida
em que: «O amor altruísta é a expressão
mais elevada da natureza humana, enquanto essa natureza não está viciada,
obscurecida e distorcida pelas manipulações do ego. O amor altruísta abre uma
porta interior que torna inoperante o sentimento da importância de si próprio,
daí o medo; permite-nos dar com alegria e receber com gratidão.» (RICARD,
2005:135).
A felicidade não é algo
que se compra: tanto está acessível ao rico como ao pobre e também não se
negoceia, no sentido materialista do termo. Pode-se aceitar, sem grandes
dificuldades, que o mais importante ingrediente para se ser feliz é amar e ser
amado. Pode haver pouca saúde, o trabalho escassear, a fé esmoronar-se e a
esperança dissipar-se, mas enquanto houver amor, sempre existirá uma réstia de
felicidade, que manterá unido o casal, os filhos, os amigos verdadeiros.
E se os dias nacionais,
internacionais e universais, comemorativos de uma qualquer efeméride, são,
simbolicamente, interessantes, podem não passar disso mesmo, se nos restantes
dias do ano, cada pessoa, cada grupo, cada instituição, mantiver práticas
incompatíveis com os princípios, valores e sentimentos que, no dia anterior,
tanto se festejaram e até se incentivaram.
Os dias alusivos a um
determinado evento devem ser festejados, certamente, mas também para se
refletir e se tentar corrigir o que durante um ano inteiro se fez mal, ou menos
bem, de contrário, tudo não passa de uma hipocrisia sem sentido, de falsidade e
deslealdade, de um período consumista e para negócios. Um dia tão importante
como é, por exemplo, o que está atribuído aos Namorados, não pode nem deve ser
falsificável.
O Dia dos Namorados
deve ser vivido por todas as pessoas que verdadeira e incondicionalmente se
gostam, se amam, se respeitam, sim, porque: amar pressupõe respeitar, desde
logo a pessoa amada, mas também os nossos semelhantes; amar implica dádiva, com
sinceridade, com total generosidade, solidariedade, amor, lealdade, humildade,
cumplicidade e gratidão; amar exige partilha, de princípios, valores,
sentimentos e emoções, alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, projetos,
estratégias e objetivos; amar é uma atitude que não está ao alcance de muitas
pessoas, quais “lobos com pele de
cordeiro” para seduzir, embora, em certos dias internacionais, elas arvorem
as bandeiras dos bons sentimentos, pronunciem promessas e juras de amor eterno.
No dia consagrado aos
namorados, aceite-se que ele seja extensível a todos os casais que,
verdadeiramente, se amam, independentemente do estado civil, do sexo, da etnia,
da idade, das ideias e de quaisquer outras diferenças, porque o amor não pode
ser xenófobo, egocêntrico, homofóbico, ideológico, etnocêntrico, etário ou
quaisquer outras situações. Cada pessoa é como é: com qualidades e defeitos;
com virtudes e imperfeições, porém, com sentimentos e dignidade própria.
Amar exige uma forte
ligação entre quem se ama, uma total comunhão de vidas, nas semelhanças e nas
diferenças, nos princípios, valores, sentimentos e emoções, porque: «A conexão entre pessoas só é plenamente
exercida quando a intimidade é vivida pela expressão clara dos sentimentos.»
(BAKER, 2005:130).
Atualmente, talvez mais
do que nunca, a instabilidade nos casais é quase um lugar-comum, não obstante
as reiteradas promessas e juras de amor eterno, feitas, justamente, no Dia dos
Namorados. Hoje, é certo, os casais enfrentam imensas dificuldades: o futuro é
imprevisível; constituir família, um possível risco; as carreiras
profissionais, por vezes, sobrepõem-se a outros valores e sentimentos e, ainda
com deplorável frequência, um ou outro elemento do casal, não consegue abdicar
de alguns hábitos da vida a “solo”, enquanto solteira/o. Então, conhecendo-se a
situação, porque é que se fazem promessas e juras de amor para sempre se, ao
primeiro obstáculo, cada uma das pessoas vai para seu lado?
No Dia dos Namorados,
deve-se ocupar algum tempo para refletir: sobre o que realmente é importante;
que sentimentos devemos privilegiar e preservar; que conduta responsável e
inequívoca teremos de assumir; que objetivos queremos para nós e para quem está
connosco, acreditando, de boa-fé, nas nossas juras, enfim, Dia dos Namorados,
do Amor, da Felicidade que se deseja construir entre um casal, uma família,
também na sociedade. Para que tudo isto seja possível, é indispensável sabermos
amar, todo o ano, responsavelmente.
Bibliografia
BAKER,
Mark W., (2005). Jesus o Maior Psicólogo que já Existiu.Trad. Cláudia Gerpe
Duarte. Rio de Janeiro: Sextante.
RICARD, Matthieu,
(2005). Em Defesa da Felicidade. Trad. Ana Moura. Cascais: Editora Pergaminho,
Ldª.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone:
00351 936 400 689
Imprensa
Escrita Local:
Jornal: “O
Caminhense”
Jornal: “A
Nossa Gente”
Jornal: “Terra
e Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
http://fernandorpatrocinio.blogspot.com.br/
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