Para
quem vive fora do seu país, na condição de emigrante, o melhor, ou pior, nível
das relações humanas com as pessoas do país de acolhimento, estabelecem toda a
diferença, entre uma boa, ou má, qualidade de vida, respetivamente e, no meu
caso, em concreto, não se trata tanto de uma questão de idioma, porque o
relacionamento em português do Brasil pode ser excelente e, desde já o afirmo
que é, mas também a afabilidade, a tonalidade melódica com que nos entendemos,
ajuda imenso no diálogo que se vai desenvolvendo.
Durante
mais de década e meia de permanência no Brasil, o relacionamento humano com as
pessoas que diariamente contacto tem sido um autêntico sucesso, porque também
no diálogo e, principalmente pelos comportamentos, o já famoso “jeitinho
brasileiro” (Ver Nota) está bem presente, quanto a mim, no melhor sentido e,
por isso mesmo, as situações, com mais ou menos gravidade, vão-se resolvendo,
outras nem tanto, todavia e enquanto cidadã portuguesa imigrante, observo que
sou muito estimada, pela generalidade deste povo tão doce, quanto alegre.
A
minha participação neste artigo, em colaboração com o meu pai, prende-se,
portanto, com esse valor inestimável, porque sem haver confiança mútua entre
pessoas que, pelo diálogo, procuram o melhor entendimento e, correlativamente,
as melhores decisões possíveis, acerca dos diferentes assuntos que se abordam,
não haverá qualquer evolução no sentido de uma sociedade mais aberta, tolerante
e humanista.
Obviamente
que, no Brasil, como em Portugal, há pessoas com diferentes atitudes, perante
os seus compatriotas e imigrantes. No Brasil, verifico que há como que uma
predisposição para a amabilidade, também de educação e, principalmente, de
alegria quando se conversa, sem que os diálogos mais acalorados não tenham,
também, o seu tempo, modo e local, conduzindo, inclusive, a conflitos diversos,
no entanto, a tão divulgada insegurança que no Brasil se vive, não resulta,
necessária e diretamente, das deslealdades nas relações humanas.
Tentar
passar a mensagem de que todos e quaisquer relacionamentos interpessoais são
sempre feitos de sinceridade, também não corresponderá, globalmente, à verdade,
todavia, o certo é que quando conversamos com este povo maravilhoso,
sentimo-nos muito considerados e estimados, inclusivamente, acarinhados e neste
comportamento existe muita verdade, daí que a alegria seja uma atitude quase
constante e generalizada, a preocupação por viver feliz, um dia de cada vez, é
outra característica.
Nas
diversas funções que ao longo de mais de dezassete anos tenho desempenhado no
Brasil, com o apoio dos meus pais, o relacionamento quase sempre gentil e muito
educado, os valores da solidariedade, da amizade e da cooperação, que me têm
sido manifestados, levam-me a pensar que existe como que uma magia nas relações
humanas.
Sentimos
que este povo tem orgulho em conversar com os portugueses, e fazem ponto de
honra ao afirmarem que têm um antepassado natural de Portugal e, neste aspeto,
não existe qualquer falsidade, porque são os próprios brasileiros a avançar com
esta gentileza, quando conversam connosco.
Nos
diálogos que diariamente tenho com o povo brasileiro, assim como os meus pais
quando me visitam, há como que uma espécie de sedução, através da melodia das
palavras, que nos encanta, que acredito sejam verdadeiras, até porque qualquer
cidadão, no seu próprio país, não tem necessidade de ser tão gentil para com os
imigrantes, por isso é que o relacionamento é fácil, estimulante e simples,
para se poder estar a conversar horas a fio, sem quaisquer premeditações
mal-intencionadas. Existe uma atração para o encontro, para o diálogo, para a
troca de valores, sentimentos e emoções.
Lealdade
nas relações humanas, como ela é necessária, sem dúvida alguma, mas se não for
acompanhada de outros valores e, principalmente, de sentimentos e emoções
verdadeiros, talvez perca algum interesse, porque o diálogo pode tornar-se
demasiado árido, pelo menos em relação a alguns assuntos.
Claro
que salvaguardam-se sempre que: entre a opção pela verdade, pela sinceridade e
pela abertura e o discurso burilado, tentador e fantasiado, a primeira
alternativa é muito mais importante, profícua e que, provavelmente, melhor
resolve os diferentes problemas que possam existir entre as pessoas.
Como
em tudo na vida, em praticamente todas as circunstâncias do nosso dia-a-dia, a
lealdade, a frontalidade, a transparência nas relações humanas, que devem ser
desenvolvidas, com a maior assertividade possível, é o caminho correto, porque
grande parte dos conflitos mundiais, mas também e principalmente pessoais,
resultam: ou da falta de diálogo sério e construtivo; ou dos chamados
mal-entendidos; ou das inverdades e até das omissões.
Nota:
«O Jeitinho
brasileiro de ser e a sua influência no dia-a-dia das organizações. O jeitinho
brasileiro está presente no cotidiano das pessoas como uma forma de obter um
rápido favor para si, às escondidas, e sem chamar a atenção; por isso, o
jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de
cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada”,
onde a versatilidade é o ponto ideal para encontrar os resultados desejados em
curto prazo, principalmente porque quando se fala em jeitinho, a primeira coisa
que vem à mente é algo como: suborno, esperteza, ambição.
Mas, nem todo
jeitinho é negativo, podendo ser também visto de uma perspectiva positiva. Por
outro lado, o jeitinho coloca o sujeito que o pratica em situação de troca, por
se sentir obrigado a retribuir o favor recebido, para que não seja chamado de
“ingrato” ou ser reconhecido como aquele sujeito que “cuspiu no prato que
comeu”.
O jeitinho brasileiro
está inserido em outros universos, tais como: familiar, sexual, emocional,
financeiro; em outras esferas o jeitinho torna-se difícil por ir de encontro a
situações que podemos chamá-las de força maior, e aí, incluiríamos as doenças,
os acidentes e a morte.
Em suma, o “jeitinho”
é um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o
pessoal estando enraizado na cultura brasileira. Não tem jeito, é cultural.»
http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/o-jeitinho-brasileiro-de-ser-e-sua-influencia-no-dia-a-dia-das-organizacoes/22249/
(Consultado em 22.10.2013).
Lenira
da Assunção Preto Rodrigues de Bártolo
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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