É
da natureza do ser humano alcançar o poder, qualquer que ele seja: familiar,
profissional, político, económico, académico, cultural, militar, religioso e
até de influência. O poder seduz com muita intensidade, naturalmente, a umas
pessoas mais do que a outras, mas ele é inerente à condição humana e,
inclusivamente, a muitos outros animais que connosco coabitam neste planeta.
Quando
se aborda o conceito de poder, muitas vezes, o estudo, a conversa, o texto, vai
no sentido do “Poder Político”, talvez porque, na maior parte das situações,
será a partir daquele que as restantes formas de “domínio” vão ficar
subordinadas, por isso, os políticos têm uma responsabilidade acrescida quanto
à forma, conteúdos e objetivos de como exercem o poder, porque das suas
decisões, depende, em grande parte, a estabilidade, ou não, da sociedade.
O
encanto do poder é, portanto, um dado adquirido, ele é, incessantemente,
procurado. Com efeito: «É natural que a
volúpia do poder seja a deformação profissional mais comum entre os políticos.
Muitos acabam sendo vítimas desse que é o mais insensível e o mais desumano dos
vícios. Aliás como todos os vícios, o poder também oferece as suas alegrias: é
ver as pessoas ajoelharem-se diante de si, é ter condições de humilhar os
adversários, é ficar plantado no tapete vermelho, concentrando em si a
iluminação dos projetores e respondendo sobranceiramente às aclamações do
povo.» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:93).
O
poder político, de facto, é, em muitas circunstâncias e para diversas pessoas,
a “porta de entrada” para um novo mundo de superintendência sobre os seus
semelhantes, sendo certo que, muitas vezes, depois de assumirem as rédeas da
influência, do “domínio” e, até, da prepotência e da arrogância, esquecem,
totalmente, quem as ajudou a chegar ao “pedestal” do poder político, ou,
inclusive, de outros poderes, mas sempre, do poder.
A
política será tanto mais nobre e altruísta, quanto melhor servir os interesses
das pessoas e mais eficazmente resolver os seus problemas. Ao longo da
História, os processos para se chegar ao poder, foram variando desde os mais
violentos aos mais brandos e democráticos, embora os primeiros, em alguns
regimes ditatoriais sejam os que se impõem e os segundos, por vezes, degeneram
em hipocrisia, cinismo, disfarce, para se alcançarem outros objetivos
inconfessáveis.
Há
muitas “teses” para explicar a proveniência do Poder e também diversos
contextos, mas interessa aqui e agora, para já, referir que há autores que
defendem fundamentos diferentes das ancestrais fontes Divinas: «Hoje, Deus já não serve como origem de todos
os poderes. Os filósofos que nos informaram a respeito, preparadores
intelectuais da Revolução Francesa, desempenharam a tarefa fantástica de
substituir Deus por “povo” como fonte de todos os poderes. É por isso que em
nenhuma das árvores genealógicas dos poderosos de hoje aparece entre os avós um
deus. Em contrapartida, atualmente, o pai ou, no máximo, o avô são homens
simples do povo.» (Ibid.:95).
O
exercício do poder, em princípio, deveria pressupor sabedoria, sobriedade e
respeito por todas as pessoas, sobre as quais um determinado domínio se
realiza. Infelizmente, o que se verifica é que um elevado número de
“poderosos”, ou que buscam a todo o custo o poder, não estão preparados para o
assumirem com: isenção, competência, sabedoria e humanismo. Não são líderes
democráticos.
A
disputa pelo poder, é tanto mais intensa, e traiçoeira, quanto mais importante
e influente é a natureza do cargo que concede tal autoridade. Há postos/funções,
para determinadas instituições, em que, mesmo entre os associados, quando
existem, é muito difícil reunir um grupo de pessoas para assumirem tarefas nos
corpos sociais, o que conduz, muitas vezes, a crises de dirigismo, e à extinção
de tais organizações.
Em
contrapartida, para diversos cargos, de natureza: política, desportiva, social,
entre outros, as candidaturas não faltam, o combate entre os diferentes
adversários (por vezes até se tornam-se inimigos figadais) atinge proporções de
tal forma inimagináveis, que as consequências são imprevisíveis e, muitas
vezes, irreparáveis, para grande parte dos candidatos.
A
contenda pelo poder, sempre que os candidatos têm meios financeiros para
organizarem uma campanha profissional, agressiva e, infelizmente, com alguns
pretendentes, direcionada para o ataque pessoal, realmente não olha a meios
para atingir os fins: o poder, a qualquer preço.
Com
o objetivo de se conquistar o poder, nomeadamente o poder político, bem como o
exercício de altos cargos, os concorrentes, comissões de candidaturas e os seus
mais diretos apoiantes, aceitam donativos, quotizam-se e contratam as melhores
agências publicitárias, naturalmente, em função dos recursos financeiros
disponíveis, para implementarem no terreno fortes campanhas eleitorais.
As
atuais “Máquinas de Marketing” desenvolvem: «Pressões por vezes extremamente fortes
exercidas sobre o povo por ocasião das eleições, com a ajuda dos formidáveis
recursos das modernas técnicas de propaganda. Uma eleição, hoje, só em parte é
uma luta entre ideologias diferentes. Cada vez é mais uma competição entre
diversas agências de propaganda ou organizações semelhantes. (…) Os candidatos
passam pela maquilhagem antes de serem apresentados na televisão, e a sua
“imagem” é construída com refinados métodos psicológicos. Às vezes é difícil
dizer se foi a agência de propaganda ou se foi o partido que conquistou a
vitória.» (Ibid.:97).
Construir,
artificialmente, um líder, hoje em dia, é relativamente fácil, como igualmente
é possível apresentá-lo com valores humanistas e todo um conjunto de qualidades
e competências, ou seja: é como vestir a “pelo do cordeiro no corpo do lobo”,
ou então, é colocar-lhe uma “máscara” de intelectualidade, cultura, sabedoria e
experiências de vida (tudo comprado a preço de ouro).
A
sociedade mundial vive preocupada com a falta de lideranças esclarecidas,
autenticamente humanas, que saibam hierarquizar os objetivos, as estratégias e
os meios para os alcançar. Governantes sensíveis aos maiores flagelos da
atualidade, que se coloquem, efetiva e inequivocamente ao serviço de quem
confiou nas promessas que durante a “luta” eleitoral fizeram, são poucos.
A
humanidade precisa de ver restabelecida a dignidade de cada pessoa em
particular, do respeito, dos valores da solidariedade, do conforto, da
subsidiariedade, da segurança e da paz, em geral, porque: «Todos nós sonhamos com o dia em que os líderes políticos do mundo se
encontrem e ponham em execução um plano com o qual a guerra seja abolida, as
armas mandadas para a sucata e a fome e o sofrimento eliminados. (…) Se os
políticos, como afirmam, querem apenas, de fato, dar execução aos desejos mais
ardentes do povo, por que não utilizam o poder de que dispõem para
consegui-lo?» (Ibid.:101).
Mas
é claro que não se pode responsabilizar, genérica e totalmente, todos os
políticos, ou outros dirigentes de diferentes instituições e objetivos. Todas
as pessoas cometem erros, e os políticos são seres humanos, como quaisquer
outras individualidades, acreditando-se, inclusivamente, que na maioria dos
casos não o fazem com intenção premeditada, para prejudicar os seus
concidadãos.
Devemos
partir do princípio, enquanto seres humanos e cidadãos na plena obrigação do
cumprimento dos deveres e no amplo uso dos seus direitos que: «Todos nós cometemos erros e voltaremos a
cometê-los muitas vezes ainda. Aliás, é até bem fácil lançar todas as culpas do
que acontece de errado no mundo em cima de alguns pobres políticos que não são
mais do que seres humanos, e, na realidade, se não fazem mais é porque não
podem.» (Ibid.:119).
É
evidente que os erros das outras pessoas não justificam os nossos, todavia, nas
mesmas circunstâncias, se há condescendência para determinadas
individualidades, que beneficiam de uma qualquer prerrogativa, então todas as
demais devem beneficiar de tal tolerância, de contrário haverá dois pesos e
duas medidas o que é, manifestamente, injusto e, eventualmente, ilegal.
Por
vezes, a ignorância obstaculiza a que se proceda na vida, e nas diversas
funções, com o cometimento de alguns erros, nomeadamente, infrações à lei. Ora,
a própria lei defende-se a ela mesma, quando prevê que ninguém pode desconhecer
as normas jurídicas, sociais e consuetudinárias do local onde vive e/ou para
onde vai. Existe a máxima, segundo a qual: “O desconhecimento da lei não
aproveita ao seu infrator”. Não é nada aconselhável ser ignorante.
No
que à política e seus imensos cargos se refere, a verdade é que: «Se constatarmos que muitos políticos são
incompetentes para as tarefas a que se propõem, isso não deverá ser tomado como
uma crítica pessoal, mas, sim, à maneira como funciona o sistema político. Um
sistema que dá a pessoas demasiado incompetentes posições de demasiada
importância é perigosíssimo para a segurança de todos nós.» (Ibid.:119-120)
Bibliografia:
(KERSTIN
e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde Vamos? Realidade e destinos da humanidade.
Trad. Jaime Bernardes da Silva. S. Paulo: Círculo do Livro S.A.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351
936 400 689
Imprensa Escrita
Local:
Jornal: “Terra e
Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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