O exercício do Poder, qualquer que seja a sua
natureza: parental, militar, político, religioso, empresarial, institucional,
social, entre outros, não é imperecível, bem pelo contrário, quantas vezes
acontece que o seu período de duração, inicialmente previsto, é interrompido,
pelos mais diversos motivos: falecimento, doença grave impeditiva, perda de
mandato devida a atos injustos, ilegítimos e/ou ilegais cometidos, indignação
dos subordinados com recurso à força, greve e/ou à justiça, para derrubar
aqueles que, abusando do Poder, perseguem, humilham, discriminam,
negativamente, uns em favor da concessão de privilégios a outros. O Poder é,
portanto, efémero.
Quando alguém é promovido, nomeado ou eleito para o
exercício de um determinado Poder, não deve ignorar as suas origens pessoais, a
proveniência social, profissional e estatutária que ao longo da vida tem
adquirido, bem como ter sempre presente que o exercício do Poder, é tanto mais
valorizado quanto possibilita a resolução de problemas e situações negativas,
que afetam os subordinados do detentor desse mesmo Poder.
Com efeito, prejudicar alguém: física, psicológica,
moral, profissional e financeiramente, através do Poder despótico, desumano e
persecutório, é próprio de líderes doentes, fracos e cobardes, que se escudam
nas competências que, alegadamente, as normas lhes conferem, para dominarem,
quantas vezes, impiedosa e ilegitimamente, todas as pessoas que se lhes opõem
lealmente, ou não concordam com as suas ideias, ou, ainda, lhes não satisfaçam
as vontades, por vezes as mais disparatadas, ou até ofensivas à honra,
reputação, bom-nome e dignidade do empregado.
É insuficiente ser-se promovido, nomeado ou eleito
para uma específica liderança, se a pessoa que vai assumir o Poder, estiver
imbuída de planos, estratégias e métodos ardilosos, que visam interesses
próprios ou de “compadrios” ou, ainda, de uma certa “clientela”, em prejuízo
dos demais colaboradores.
O exercício do Poder não é compatível com atitudes
negativamente discriminatórias, de favorecimento de uns tantos amigos em
prejuízo dos restantes colaboradores e, em circunstância alguma, é admissível
qualquer tipo de perseguição, represália ou vingança, porque estes
comportamentos são próprios dos ditadores, com caráter duvidoso, sem
princípios, nem valores nem sentimentos.
Toda e qualquer liderança que promove a divisão, o
favorecimento e privilégios para os amigos, e que à mais insignificante falha
dos demais, logo aciona os mecanismos para a punição, de forma arbitrária,
unilateral e ilegítima, quando não, ilegal, não tem condições para exercer o
Poder com dignidade e humanismo.
É sabido que o Poder é efémero: “dura enquanto durar”, por isso, mais
cedo ou mais tarde, termina e, muitas vezes da pior maneira para quem o exerceu
com autoritarismo, com parcialidade, com abuso, logo, é importante que as
lideranças reflitam sobres os processos, estratégias a que recorrem, os
objetivos que perseguem, porque não há, não pode haver, pessoas, colaboradores,
empregados, cidadãos de primeira, de segunda ou de terceira categorias.
A pessoa humana nasce livre e igual, com deveres e
direitos consagrados nas normas sociais, no direito consuetudinário, nas normas
jurídicas, nos usos, costumes e tradições. Naturalmente que os preceitos
sociais, que não são de cumprimento obrigatório, poderão não ser suscetíveis de
punição quando violados, todavia a comunidade poderá produzir a censura que ao
facto couber.
O cumprimento dos princípios e normas legais,
obviamente, compete sempre, em primeira instância, a quem exerce o Poder, que
tem o dever de dar os melhores exemplos para os seus subordinados, sem o que
não terá autoridade ético-moral nem profissional, para exigir o que ele próprio
não cumpre ou não sabe executar, respetivamente. Não basta mandar, não chega
ser-se chefe de qualquer organização ou setor, para impor aos outros o que
arbitrariamente lhe vai na cabeça.
A sociedade está cada vez mais repleta de líderes
autoritários, em que a vaidade do Poder, lhes perturba a pouca inteligência e
as fracas ideias que possam ter. Hoje, há “líderes” que pela sua inexperiência
de vida, pelo narcisismo que levianamente alimentam e pelo deslumbramento
“bacoco” do Poder, não passam de “criaturas-bestiais”, fracassadas na vida,
independentemente dos estatutos: social, profissional, e cultural que possam
ter adquirido, lhes sido concedido, ou herdado.
É uma verdade que está provada na sociedade: grande
parte das pessoas que exercem o Poder despótico, pensam e agem como se essa
circunstância da vida fosse perene e que, uma vez assumido o cargo, jamais
alguém os destronará, por isso, nesta “convicção” infundada, atuam
indiscriminadamente, segundo a tristemente e célebre máxima: “Quero, Posso e Mando”, pisando tudo e
todos os que com elas não concordam, ou se opõem aos seus desígnios maldosos.
As instituições, qualquer que seja a sua natureza,
cada vez mais carecem de líderes competentes: com educação e formação
ético-moral e profissional, resistente a quaisquer tentativas de violação de
princípios, valores, sentimentos, normas, deveres e direitos; pessoas que
tenham a clarividência suficiente para exercer o Poder com humanismo,
idoneidade e tolerância para com os mais frágeis, ajudando os que revelam mais
dificuldades.
Uma liderança forte não é a que exerce o Poder
ditatorial, que dentro e no âmbito da mesma instituição, persegue subordinados
e que favorece amigos, ou que a todo o custo se agarra ao cargo. Um líder
democrático, humanista e habilitado, sabe fazer-se respeitar, sem se impor pela
ameaça permanente da punição, e consegue identificar o momento em que deve
abandonar a liderança.
Costuma-se dizer que: “Na terra dos cegos, quem tem um olho é Rei”. É provável que nos
meios pequenos, em muitas instituições, de facto assim aconteça, que surjam os
tais “reizinhos” os quais, rapidamente, se autopromovem a “imperadorzinhos” e
assim começam a governar a organização, como se fossem uns “iluminados”, e o
cargo ficaria para eles o resto da vida: para eles e para os amigos que passam
a “girar” à sua volta, “quais borboletas esvoaçando em redor da lâmpada”,
desfazendo-se em bajulações pacóvias.
É muito importante que qualquer candidato, ao
exercício do Poder e/ou que o já venha exercendo, tenha a humildade de refletir
que será uma situação transitória na sua vida, sabendo-se que quando terminar
as respetivas funções, poderá ser bem recebido ou rejeitado pela sociedade em
geral; amado ou odiado por aqueles que estiveram sob as suas ordens e que sobre
tudo o que esse líder tiver feito de errado, com intenção de prejudicar alguém,
terá de prestar contas.
Todo o líder, suficientemente inteligente, sabe que
só tem a ganhar se for imparcial, justo, tolerante, humano, compreensivo, um
verdadeiro colega, mesmo em relação aos seus subordinados e que, seguramente,
estes lhe saberão retribuir sempre que necessário, porque havendo reciprocidade
na troca de princípios, valores, sentimentos e boas práticas de relacionamento,
a liderança e os liderados sentir-se-ão motivados, recompensados, gratos e
realizados.
Diamantino Lourenço Rodrigues de
Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
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