O
desenvolvimento científico e tecnológico em curso parece não ter limites e a
velocidade com que avança é impressionante, de tal forma que: o que ontem
parecia duradoiro, ou até mesmo definitivo; hoje, está ultrapassado, o que
coloca em causa uma pretensa e reiterada verdade, sobre um qualquer assunto,
acontecimento, equipamento, descoberta, entre muitas outras situações.
Atualmente,
afirmar-se que se tem uma cultura atualizada, pode revelar uma posição muito
presunçosa que convém evitar, nomeadamente a nível tecnológico, porque não se
pode ignorar que se por detrás da tecnologia estará a ciência, não é menos
verdade que aquela facilita a investigação, portanto, uma e outra, afinal,
complementam-se.
Há
quem afirme que: «A cultura tecnológica,
que de forma tão radical mudou o nosso ambiente, tem as suas origens nas
pesquisas científicas. Essas pesquisas têm sido e são, ainda, o que de mais
importante e de mais completo e de mais larga visão se fez em matéria de
atividade pensadora, entre todas a que nos dedicamos até hoje. Primeiramente as
pesquisas serviram para alargar nossos conhecimentos. Em segundo lugar, para
reformar o nosso ambiente.» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:125).
O
binómio “Ciência-Tecnologia” existe desde há milhares de anos, desde as formas
mais rudimentares do passado até às mais sofisticadas do presente. O homem
sempre pesquisou, sempre procurou saber mais, não só para melhorar as suas
condições de vida, como também para obter poder e domínio sobre os demais concidadãos,
porque: “Saber é Poder”.
É
sabido que, por exemplo: «uma descoberta
que ameaça toda a humanidade dá muitas vezes grandes vantagens ao descobridor,
ao seu laboratório e ao seu país. Essas vantagens, a curto prazo, em regra,
sobrepõem-se aos efeitos negativos a longo prazo, uma situação que envolve um
dos perigos mais fundamentais para o nosso futuro. Compram-se vantagens
pessoais, locais ou nacionais, e por elas paga-se um preço que é uma situação
de perigo cada vez maior para todos.» (Ibid.:134).
É
claro que é impossível que uma só pessoa tenha total capacidade para dominar,
com profundidade e atualidade, todos os saberes, mas outro tanto não acontece
com os grandes grupos e organizações diversas, que possuem meios financeiros,
laboratoriais, científicos e técnicos para assumirem um poderio local, nacional
e mundial, através do qual conseguem atingir objetivos: seja para o bem; seja
para o mal, porque, em bom rigor: «O
saber, na realidade, está à disposição dos poderosos, e só uma pequena dose poderá
servir para nos defender do abuso de poderes. Não é por incapacidade e
ignorância nossa que a natureza sofre devastações e é mártir da poluição. (…)
Durante a Idade Média, chamava-se à filosofia “ancilla fidei”, “servidora da
fé”. Hoje, a pesquisa científica é fiel ao poder e, em regra, é uma servidora
silenciosa.» (Ibid.:136).
Aplicar
conhecimentos para dominar pessoas, grupos, comunidades, países e o mundo, será
cada vez mais difícil, por muitos meios que o detentor do saber e do poder
possua, embora se lhe reconheça uma certa vantagem em relação a quem não dispõe
de tais recursos. Controlar e dominar uma população terrestre cada vez maior,
constitui, eventualmente, uma grande dificuldade, por isso, o melhor caminho a
seguir será sempre pelo diálogo, pelo bom senso e pela paz entre os povos
anónimos e os dirigentes mundiais
Se
houvesse possibilidades económicas e financeiras, situações estáveis de
trabalho, serviços de saúde, educação, formação e habitação nas melhores
condições de acesso, para todas as pessoas, certamente que neste primeiro
quarto do século XXI, o mundo estaria bem melhor e se não houvesse dirigentes
que apenas se preocupam com o poder e o domínio sobre os seus concidadãos,
então poderíamos ter o “paraíso na terra”, embora este quadro possa parecer uma
utopia.
Ao
longo da história da humanidade, o ser humano sempre desejou ter e/ou pertencer
a uma família numerosa e: «Por isso, nos
grandes povos da Actualidade, existe uma longa tradição de fecundidade. Tanto os
dirigentes como o povo têm um sentimento
profundamente enraizado de que é importante aumentar a população. Esse
sentimento existe até mesmo em unidades menores: a família e a seita veem com
bons olhos o seu crescimento e consideram como um desastre a sua extinção.
Ainda o mesmo sentimento existe entre raças, em escala maior. A maioria deseja
que a raça a que pertence aumente em número de indivíduos e em poder.»
(Ibid.: 139-140).
Em
muitos países, nomeadamente da Europa, Portugal incluído, é importante que haja
condições para a formação de famílias estáveis, numerosas, porque a pirâmide
etária começa a inverter-se no sentido de cada vez haver mais idosos e menos
crianças e jovens, o que, a curto/médio prazo, poderá trazer consequências
gravíssimas em vários domínios: sustentabilidade das reformas e pensões;
cuidados básicos e especializados de saúde mais solicitados e especializados
para uma população muito específica e fragilizada; mão-de-obra cada vez mais
escassa e cara, entre outras situações complexas.
A
complexidade da sociedade humana é, possivelmente, implica uma gestão muito
exigente, rigorosa, humanista e consensual, porque não se ignora que: «O problema da convivência não é apenas uma
questão de estabilidade. Se acharmos uma solução estável no sentido de poder
evitar as catástrofes da guerra e da fome, nem mesmo assim teremos resolvido o
problema. Há uma exigência tão importante quanto essa: a de dar a todo o homem,
dentro do quadro geral da organização, um ambiente digno de seres humanos. É
preciso parar com a atual desumanização da vida.» (Ibid.:155).
O
ser humano é das espécies que, tanto quanto a ciência e a técnica nos informam,
mais tem evoluído no mundo, todavia, tal progresso nem sempre é direcionado
para a melhoria das condições de vida das pessoas, para a valorização
permanente e consolidação da sua dignidade e, em muitas situações, o
desenvolvimento tem sido a mola real para a destruição de seres pessoas
inocentes.
O
diálogo entre as diferentes comunidades, políticas, religiões, interesses
vários, tem de ser permanente e assente nos princípios do respeito, da
confiança e da boa-fé, porque: «Os seres
humanos dispõem da capacidade de pensar, uma capacidade suficiente para
eventualmente despertar o bom senso da espécie.» (Ibid.:156).
É
certo que todas as pessoas têm a sua quota parte de responsabilidade: seja nos
sucessos; seja nos fracassos da humanidade, porque é sempre um dever e um
direito, nas suas diferentes dimensões e contextos, pugnarmos por uma sociedade
mais justa, tranquila, humanizada, tolerante e cooperante, porque o resultado
final beneficiará toda a população em geral.
Imputar
responsabilidades culposas, a uma determinada camada da sociedade quando os
projetos correm mal e conceder a outros estratos os louvores quando tudo corre
bem, não será justo nem ética e moralmente aceitável, porque afinal, cada
pessoa, com as suas competências e oportunidades tem oportunidade para
colaborar no sentido do maior e melhor bem para todos, ou seja, para o bem
comum.
É
claro que, em função das profissões e cargos que as pessoas desempenham e
ocupam, respetivamente, na sociedade, assim as poderemos responsabilizar com
mais ou menos ênfase, todavia, conceda-se o benefício do mérito a quem de
alguma forma revela, por palavras, atos e comportamentos, querer um mundo
melhor e, com este desiderato, todos seremos chamados a envolvermo-nos com
entusiasmo e determinação.
Admitamos
com toda a humildade que: «Seria,
contudo, injusto atirar a culpa da atual situação mundial na incompetência dos
políticos. Todos nós desejaríamos que os principais políticos fossem mais
brilhantes que tivessem perspectivas mais largas e que, acima de tudo, desse ao
bem-estar de toda a humanidade a mais lata prioridade. Do mesmo modo
desejaríamos que todas as pessoas nos cargos de responsabilidade fossem mais
sábias e esclarecidas do que são.» (Ibid.:158).
Bibliografia
(KERSTIN e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde
Vamos? Realidade e destinos da humanidade. Tradução. Jaime Bernardes da Silva.
S. Paulo: Círculo do Livro S.A.
Diamantino Lourenço
Rodrigues de Bártolo
Telefone:
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Imprensa
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Jornal:
“Terra e Mar”
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Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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