A
juventude constitui uma faixa etária da sociedade muito importante e
promissora, porque é generosa, inteligente, voluntariosa, sonhadora, criativa,
convicta e irreverente, teoricamente, bem habilitada em vários domínios do
conhecimento técnico-científico, que pode ajudar a mudar o mundo com os seus
novos valores, obviamente, coerentes com a dignidade da pessoa humana.
O
mundo e o futuro, pertencem às crianças e aos jovens de hoje que, por sua vez,
serão idosos, um dia mais tarde, na linha irreversível do tempo e da vida. A
juventude talvez ainda não esteja adequadamente preparada, para assumir
determinadas funções, por isso a responsabilidade das gerações seniores é muito
grande, para auxiliarem os jovens a consciencializarem-se de que o futuro será
deles, com responsabilidade, competência e humanismo. São eles que vão criar as
condições para darem uma melhor qualidade e nível de vida aos seus avós, pais,
familiares, amigos e cidadãos em geral, que caminham para o “fim da linha da
vida”.
É
necessário instruir a juventude para os valores, normas, sentimentos nobres,
emoções, próprios de um povo, de uma cultura humanista, enfim, de uma
civilização milenar, extremamente rica e, eventualmente, ímpar. Com este
objetivo, os mais novos terão todo o interesse em escutar, atenta e
respeitosamente, os seus progenitores, amigos verdadeiros, colegas idóneos.
Tentar
colocar os seniores à margem do processo de desenvolvimento e equilíbrio da
sociedade, é um tremendo equívoco, sinal de inexperiência, de imaturidade, de
irresponsabilidade e de arrogância na medida em que: «Temos que aprender a escutar os mais velhos. Nós excluímo-los da vida
social. Utilizámo-los para suprir as nossas carências e resolver as exigências
da vida quotidiana, mas não estamos dispostos a escutá-los. Falta-nos tempo,
paciência e disponibilidade para o fazer. Temos um preconceito contra o que
podem dizer e isso atira-nos para um mundo de iguais onde se não produzem
novidades nem se altera a endogamia.» (TORRALBA, 2010:126).
A
humildade e a gratidão são, porventura, dois dos grandes valores e virtudes que
se podem concentrar numa pessoa e, com relativa frequência, nelas, a humildade
e a gratidão, como que se envergonham de se revelarem, ou então, simplesmente,
não existem em diversas pessoas, normalmente, naquelas em que predomina um ego
exacerbado, um desejo incontido de protagonismo, de ânsia de domínio, uma
sistemática invocação de alegada superioridade.
Por
vezes, defrontamo-nos com pessoas que nos deixam numa situação desconfortável,
eventualmente, humilhante, porque elas parece que tudo sabem, tudo conseguem,
não conhecem os fracassos da vida, porque sempre tiveram uma “almofada”, que
alguém lhes colocou por baixo das asneiras que iam cometendo, apenas sabem,
presunçosamente, alardear vitórias (quantas vezes à custa dos outros), enfim,
um rosário de autoelogios: “insubstituíveis “salvadoras da pátria”, isto é, o
narcisismo e o egocentrismo, elevados ao seu expoente máximo.
Na
verdade, é muito difícil assumir a humildade, porque: «A humildade é um valor esquecido do mundo contemporâneo, teatro do
parecer. As revistas continuam a dar conselhos para “se afirmar”, “ter um ar
combativo”, à falta do ser. Esta obsessão pela imagem que se deve dar de si é
tal que já nem mesmo se levantará a questão do bem fundamentado parecer, mas
apenas a de como parecer bem.» (RICARD, 2005:167).
Por
outro lado, a gratidão é um sentimento que se funda na virtude do
reconhecimento, da homenagem e da amizade, porque quem é objeto de gratidão é
porque: primeiro, procedeu para com outrem de forma excecional, a que,
eventualmente, nem estaria obrigado a tal; então, o beneficiário da atenção
recebida, sente-se como que realizado na sua capacidade de reconhecer, quando
manifestar gratidão, ao ponto de o fazer com um misto de amizade, orgulho e
admiração; depois, entre as pessoas envolvidas, estabelece-se, de ora em
diante, como que um cordão umbilical duradoiro, pelo qual circulará uma amizade
e benquerença que, obviamente, conduz a uma maior harmonia, tranquilidade e
realização pessoal. A gratidão não humilha, nem minimiza quem a manifesta, pelo
contrário, enobrece e dignifica, a pessoa que sabe ser grata.
Uma
equipa de trabalho não pode comportar os “ego-iluminados”, sob pena de se
autodestruir e, pior do que isto, provocar graves cisões e prejuízos no seio do
grupo e da própria população que espera dela medidas, atos e resultados favoráveis
à resolução dos problemas. Que deseja compreensão e generosidade.
É
sabido que: «O sabichão prepotente
acredita que ninguém lhe pode dar lições, porque mais ninguém viveu a sua
experiência. Acha que é o único que vive situações únicas, que tudo na sua vida
é novo. Ignora que os outros já passaram por experiências afins, pelos mesmos
problemas e pelas mesmas contrariedades.» (TORRALBA, 2010:126-127).
Com efeito, não será muito fácil analisar e resolver
problemas que afetam a vida das pessoas, quando não experienciamos tais
situações, e, é por isso mesmo que se deve incluir, em quaisquer equipas de
trabalho, uma juventude dotada de ciência e técnica, mesmo sem experiência e
uma outra parte com pessoas seniores, se o líder considerar que: «Os mais velhos são a voz da experiência,
viveram uma longa vida e viram um pouco de tudo. Sabem o que nos espera, sabem
o que vai ceder. Desfrutaram da vida e tiveram a experiência que nós iniciamos
depois e na qual nos falta a perspetiva que só os anos podem dar.» (Ibid.:126).
Indubitavelmente, acredita-se que qualquer equipa de
trabalho procura, e luta por alcançar objetivos concretos, que são o resultado
da dedicação, da competência, da seriedade e do entusiasmo de todos os seus
componentes. É crível, até prova em contrário, que nenhuma equipa se sente
realizada com os prejuízos dos outros, com os insucessos, com as intrigas e com
as desavenças porque, no limite, perdem todos, os próprios elementos da equipa
e o público-alvo a quem se destinava o seu trabalho, e que, de resto até
acreditou nesta equipa.
É muito importante refletir na seguinte lógica: «Não nos prejudicarmos a nós próprios nem
aos outros no início, não nos prejudicarmos a nós próprios nem aos outros no
meio, não nos prejudicarmos a nós próprios nem aos outros no fim, constitui a
base da sociedade iluminada. É assim que pode existir um mundo são. Ele começa
com cidadãos saudáveis, que somos nós. A agressão mais fundamental que podemos
fazer a nós mesmos é permanecermos ignorantes por não termos a coragem e o
respeito de nos encararmos com sinceridade e gentileza.» (CHODRON,
2007:51).
Deseja-se
que a ideia central, que poderá prevalecer à constituição de uma equipa de
trabalho, que logo que entra em atividade, se circunscreverá ao imperativo do
trabalho conjunto, à tomada de decisão coletiva, à assunção de
responsabilidades por todos os membros, e que para se analisar adequadamente
situações, resolver problemas com eficácia e justiça, criar, inovar e
implementar novos projetos são necessárias pessoas equilibradas, portadoras de
valores humanistas, que tenham passado pela “Universidade da Vida” com
“aproveitamento”.
São
indispensáveis colaboradores que saibam ser pessoas, verdadeiramente humanas,
sem preconceitos de alegadas superioridades, que demonstrem nos pensamentos,
nos atos e na prática da vida corrente, que são genuinamente solidárias,
amigas, leais, compreensivas, tolerantes, humildes e gratas. Com tais pessoas,
a equipa ficará excelente, será imbatível.
CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para
tempos difíceis. Tradução, Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores.
RICARD, Matthieu, (2005). Em Defesa da Felicidade.
Tradução, Ana Moura. Cascais: Editora Pergaminho, Ld.ª.
TORRALBA, Francesc,
(2010). A Arte de Saber Escutar. Tradução, António Manuel Venda. Lisboa: Guerra
e Paz, Editores S.A.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As
Regras, são simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha –
Portugal, 2023
Com o protesto da
minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário