Analogicamente é possível, tal como nas ciências em
geral, tomar o conceito de poder, entendido como a influência que alguém exerce
sobre outrem, e fragmentá-lo nas muitas especializações que se verificam na
sociedade atual, designadamente, os poderes: matrimonial, paternal, filial,
religioso, político, financeiro, militar, económico, social, profissional e
tantas outras formas e especificações.
Igualmente se reconhece a existência de poderes
mais ou menos influentes, decisivos, fundamentais para a vida física, e/ou
espiritual, materialmente importantes e condicionantes do progresso. A
sociedade moderna, construída nos preconceitos do mediático, da aparência, do
TER concreto da coisa materialmente valorizada, caminha para objetivos que se
desviam dos projetos de vida, verdadeiramente humana.
O homem (humanidade) tem-se deslumbrado com um
mundo que ele vem construindo: que lhe proporciona bens de primeira
necessidade; mas também muitos outros que são supérfluos; e ainda outros que
lhe são prejudiciais e, em algumas situações, lhe são fatais. O homem, porém,
tem-se esquecido de outros bens que, cada vez mais, se consideram essenciais,
justamente, compatíveis com a sua condição superior, em todo o reino animal.
Este mundo, parcial e artificialmente construído
pelo homem, é o resultado das imensas capacidades e poderes que o ele dispõe, e
não se pode ignorar que: «Por suas
extraordinárias realizações, o mundo moderno é prodigiosamente grande e belo. O
homem, orgulhoso de seu poder sobre a matéria e sobre a vida, parece dominá-las
cada dia melhor. Ora, na medida em que pela ciência e pela técnica o homem vai
se apoderando do universo, vai também perdendo o domínio do seu universo
interior. À medida que penetra no mistério dos mundos, tanto dos infinitamente
grandes como dos infinitamente pequenos, perde-se nos seus próprios mistérios.
Pretende dirigir o universo e não sabe dirigir a si mesmo.» (QUOIST,
1985:7-8).
O mundo natural, oferecido pelo Criador, o mundo
artificial construído pelo homem e a vida humana, são bens de um valor
inestimável, impossível de, materialmente, se avaliar. Os mundos e a vida
podem, e devem, ser belos, no sentido daquela beleza que proporciona bem-estar
interior, alegria, felicidade no seu conceito de tranquilidade, paz e
segurança, conforto e realização pessoal.
O poder interior que brota de cada pessoa,
resultante da convicção profunda dos deveres cumpridos, da realização plena de
projetos dignos da espécie humana, que elevam o homem à condição de
divinizável, em relação a todos os outros animais, constitui um privilégio que
deve ser orientado para o bem, para o que é superior, para a vida boa.
Construir o mundo e o homem, é uma tarefa que se
impõe a cada pessoa, e à sociedade no seu todo, que implica o bom uso dos
muitos e diversos poderes, desde logo todos aqueles que se sustentam numa
axiologia sem preconceitos: os valores, como referenciais de vida. Por exemplo,
o valor “Dignidade Humana” poderá ser
um argumento poderoso: contra a injustiça, contra a violência, contra a
humilhação, porque para além da dignidade de ser pessoa, só existe Deus, seu
Criador, isto é: «A pessoa é em toda a
natureza, o que há de mais perfeito. De todas as naturezas é a mais digna. E
esta dignidade resulta da sua perfeição interna, da sua bondade autóctone,
anterior a bens secundários, reflexos de relações sociais.» (S. TOMÁS, in:
FRANCA, 1955:149).
A sociedade deste novo século, que progride para a
globalização em vários domínios: cultural, científico, tecnológico, económico,
mercantil, infelizmente, não está no mesmo rumo, no que se refere à axiologia,
designadamente, nos valores que ela comporta e são específicos das diversas
dimensões da pessoa humana, revelando-se, uma vez mais, interessada em práticas
que menorizam e humilham a pessoa.
Globalizar a paz, a democracia, a saúde, o
trabalho, a distribuição equitativa das riquezas naturais, a liberdade em todas
as suas vertentes, a igualdade de oportunidades e de tratamento, a
fraternidade, independentemente de etnias, religiões, ideologias políticas, o
respeito, bem como quaisquer outras convicções filosóficas, culturais e
sociais, de estatutos e formas de estratificação societária, universalizar a
segurança e a integridade física e psicológica de cada pessoa, e das
comunidades, reconhecer e preservar a propriedade privada, legítima e
legalmente adquirida e usufruída, serão medidas que se impõem aos dirigentes e
à humanidade.
Bibliografia
FRANCA, Leonel, Padre S.J.,
(1955). A Crise do Mundo Moderno, 4ª Ed. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora.
QUOIST, Michel, (1985).
Construir o Homem e o Mundo, Tradução, Rose Marie Muraro, 34ª. Ed. (332º
milheiro), São Paulo: Livraria Duas Cidades.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As
Regras, são simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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