A vida humana, nas suas múltiplas dimensões existenciais,
pragmática e algo misteriosa, principalmente quanto ao seu sentido e fim
último, deverá merecer, por parte de toda a sociedade, uma cuidadosa avaliação,
e também uma reprogramação consentânea não só com a dignidade da pessoa, como
ainda no que respeita ao exercício de atividades que proporcionem prazer,
bem-estar, vida-boa.
É necessário que cada pessoa, cada família, cada comunidade e as
diversas sociedades em geral, encabeçadas por responsáveis moderados,
verdadeiros defensores dos direitos que a cada indivíduo pertencem, como também
executores exemplares dos deveres que, igualmente, cabe cumprir, assumam as
tarefas que contribuam para a dignificação da vida humana.
Benefícios-Obrigações, Direitos-Deveres, são os polos que devem
balizar toda a atividade humana, para que uma existência pacífica, feliz e de
realizações benéficas seja possível. Para que uma vida humana se concretize
plenamente, pela positiva, torna-se imperioso aprofundar hábitos de reflexão,
de estudo, de interiorização serena de valores referenciais dos mais altos
ideais.
A vida para uma existência
feliz, independentemente do conceito de felicidade que se defenda, passa,
inevitavelmente, entre outras possibilidades, por uma filosofia de vida, no
sentido em que estabelece princípios, valores, sentimentos, emoções, regras,
objetivos e uma avaliação contínua do processo que se implementar, a partir de
um projeto existencial humanista.
Um tal projeto não pode ignorar a cumplicidade que se deve
estabelecer entre a Filosofia e a Democracia, esta aqui assumida como um
sistema político de liberdade, igualdade, fraternidade e justiça social,
porque: «Não há democracia sem filosofia
(os regimes socialistas impunham uma filosofia e proibiam o filosofar), mas
também não há filosofia sem democracia. Isto lembra-nos o facto de que a
filosofia não é uma criação ex-nihilo, que procede e depende de um longo
processo. Durante toda a sua história, ou seja, combates (não se deve esquecer
que Sócrates foi condenado à morte pela cidade), a filosofia não parou de
renovar o pacto com e pela democracia. » (MALHERBE e GAUDIN, 2001:164).
E se o binómio Direitos-Deveres é fundamental para a fruição de
uma vida digna, baseada no respeito pelos concidadãos, identicamente importante
para uma vida responsável, e ativa, é a harmonia e cooperação entre a Filosofia
e a Democracia. Existem sempre as duas faces de uma qualquer situação.
Uma vida equilibrada não dispensa a reflexão, como pressupõe o
exercício e a participação na atividade política democrática, no seio do povo,
com o povo e para o povo. Praticamente, todos os problemas que afetam a
existência humana, coletivamente considerada, e/ou individualmente analisada,
encontram a solução nas decisões políticas, maduramente ponderadas, refletidas
e avaliadas.
Os recursos, os meios, as metodologias encontram-se numa profunda,
justa e adequada reflexão sobre cada situação. Filosofia e Democracia, Ciência
e Técnica, devem, portanto, continuar a trabalhar em conjunto, visando
objetivos racionais, executáveis de serem atingidos os objetivos, potencializadores para uma
vida-boa.
Tão importante como os bens materiais artificiais, idealizados,
fabricados, usufruídos e consumidos pela humanidade – hospitais, escolas,
estradas, pontes, edifícios vários, ciência em geral, técnica e tecnologia,
equipamentos e riqueza financeira –; são os bens espirituais – tranquilidade,
benignidade, virtualidade, santidade, Deus –; os valores imateriais – paz,
justiça, dignidade, liberdade, solidariedade – e também os sentimentos que
levam às ações mais altruístas - caridade, compaixão, amor, dádiva, abnegação.
Naturalmente que apenas se invocam alguns exemplos, porque o que é
verdadeiramente necessário é que: todos em geral; e cada um em particular;
tenham consciência que é imprescindível aprofundar e aplicar uma sabedoria
prudente do saber-viver-bem, o que, tal como qualquer valor, impõe limites,
como por exemplo: o valor liberdade tem limites, porque de contrário, a
liberdade de uns só seria exercida quando acabasse a de outros.
Bibliografia
MALHERBE, Michel, e GAUDIN,
Philippe. As Filosofias da Humanidade. Tradução, Ana Rábano, Lisboa: Instituto
Piaget, 2001. pp. 164-170.
“NÃO,
à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As Regras, são simples, para
se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2023
Com o protesto da minha permanente
GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de
Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de
Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
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