Recuso-me
a transcrever, para esta reflexão, dedicada a um dos dias mais simbólicos do
ano, em que a saudade pelos ausentes se faz sentir de forma particularmente
dolorosa, muitas das inúmeras notícias sobre o estado profundamente degradante
em que vivem milhões de pessoas por esse mundo fora em geral e, milhares de
outras que, em Portugal, sofrem as mais cruéis privações de uma vida que nem
sempre lhes sorriu, e que não podemos, nem devemos, ignorar esta realidade que
a todos, de alguma forma, também nos culpabiliza.
Natal
é festa da família, de alegria, de esperança num futuro melhor, no acreditar
que temos capacidades, determinação e entusiasmo suficientes para vencermos,
uma vez mais, as dificuldades presentes e reconstruirmos um futuro digno da
pessoa humana, novos horizontes de prosperidade, com saúde, paz, amizade,
trabalho e felicidade. Nós, portugueses, já demos provas ao mundo do que somos
capazes, eventualmente, em situações bem mais complexas.
Os valores
que tanto nos caraterizam, alguns dos quais sentidos e vividos por forma muito
singular, como a saudade por todos aqueles que, por diversas circunstâncias da
vida, não nos podem acompanhar neste dia que, apesar de tudo, teremos de nos
esforçar para que seja de festa: com mais ou menos abundância material; com
mais ou menos conforto; mas que possa ser de Amizade sincera e de perdão, no
calor do amor dos que verdadeiramente se amam, qualquer que seja a natureza
desse amor: conjugal, maternal, paternal, filiar, fraternal e naquele que
também nos deverá acompanhar diariamente que é o «Amor-de-Amigo».
Festa
da família, tempo para refletirmos no passado, no presente e no que tencionamos
ser, fazer e viver, num futuro que, no presente, projetamos com esperança, com
projetos, com desejos, com ambição legítima, para nós, para os nossos
familiares, mas também para os nossos verdadeiros amigos, sim porque estes,
quando leais, solidários, confidentes, conselheiros, cúmplices e que, sempre e
inequivocamente estão do nosso lado, são como os nossos familiares mais
íntimos.
Tempo
de Paz, de Saudade, de Amor, de Felicidade e de Solidariedade, sentimentos
entretanto mitigados pelos que nos são especialmente queridos, estando
fisicamente longe, ou que já partiram para uma vida eterna, mas que continuam
nos nossos corações, bem presentes, bem vivos, que nos acompanham e protegem,
lembrando-se e intercedendo por nós, “onde
quer que estejam”.
O
mundo, nas pessoas das mais destacadas entidades políticas, empresariais,
religiosas e da sociedade civil em geral, não pode aceitar esta quadra
natalícia como mais uma festividade que o calendário assinala e, passada que
seja, tudo volta às mesmas situações durante mais 360 dias. Todos, de mãos
dadas, teremos de dizer um rotundo NÃO a quaisquer situações que degradam a
pessoa humana. O Natal da Família e do Amor, não comporta nenhum tipo de
humilhação.
Chegou
o tempo de banirmos, irreversivelmente, ódios, vinganças, obscurantismo, fome,
guerras e a morte resultante daqueles «sentimentos» e situações. Está na hora
da inversão de tudo quanto é indigno para o ser humano, a começar em cada um de
nós, até para connosco próprios. É tempo de dar voz ao «tribunal» da nossa
consciência, porque é o único que nos julga imparcialmente, mesmo que, depois,
não tenhamos a coragem de cumprir a «pena» ou seguir os seus conselhos.
Mas, é
claro: todos os dias deveriam ser Natal; todos os dias deveríamos refletir na
vida e na morte; na nossa origem, mas também no nosso destino; no que fazemos e
no que deveríamos fazer; pensarmos que a vida é efémera; que não somos os donos
do mundo, nem da verdade, nem da vida de ninguém, nem sequer da nossa própria
existência. De Onde Vimos? Quem Somos? Para Onde Vamos?
Independentemente
das nossas convicções políticas, filosóficas, religiosas ou outras, a verdade é
que não nos conhecemos suficientemente bem para, enquanto pessoas humanas,
detentoras de imensas capacidades, poderes e oportunidades, sabermos tomar as
melhores decisões, quantas vezes, nem sequer somos capazes de orientar as
nossas próprias vidas, com sentimentos verdadeiramente altruístas, em proveito
dos nossos semelhantes e dos benefícios que nos dizem respeito.
Em boa
verdade, ALGUÉM nos deu tantas faculdades, tantas ocasiões, tanto domínio,
infelizmente, nem sempre aproveitados da melhor maneira e, então, surgem os
dias festivos, na circunstância, o Natal, para revelarmos, uns aos outros e ao
mundo, de que estamos solidários, temos boas intenções para resolver as
situações mais prementes dos que estão abaixo do limiar da dignidade humana.
No
rigor da consciência de cada um, todos sabemos que não somos absolutamente
perfeitos, que gostaríamos de ser melhores familiares, amigos, cidadãos. Eu
próprio me considero um «pecador» em todos os sentidos, porque sou fraco, não
tenho a coragem suficiente para impor a mim próprio o cumprimento integral dos
valores que defendo, mas luto a cada momento da minha vida, por aquilo em que
acredito, pelo exercício dos sentimentos que nutro pelas pessoas que me são
especialmente queridas, pelo bom relacionamento que deve existir na sociedade
em geral, e no exercício dos diversos papeis que vou desempenhando ao longo do
dia e da vida. Natal também pode ser este esforço permanente.
A
festa da família é, afinal a festa do mundo, porque este é constituído por
famílias, extensas, nucleares e também por pessoas que vivem sozinhas, quantas
vezes nas margens da sociedade: ou porque esta os excluiu impiedosamente; ou
porque as próprias pessoas se autoafastaram, por já não acreditarem em nada,
nem em si próprias. Natal, também deverá ser a reconciliação com a vida, com os
nossos semelhantes, com a natureza em geral.
Pensar
o Natal: não tanto no tradicionalismo do consumo, embora este seja necessário,
desde logo para aqueles que podem; para outros que têm possibilidades de
adquirir os bens materiais de primeira necessidade, para doarem aos que não têm
esta capacidade; mas, ainda, no sentido da construção de um mundo mais justo,
mais tolerante, mais humano. Um Natal com humanismo, no respeito pela nobreza
da pessoa humana, que nasce portadora de iguais direitos de liberdade e
dignidade.
Caminhar
para Natais de progresso a todos os títulos, no aprofundamento, consolidação e
boas-práticas dos mais elementares Direitos Humanos, desde logo os direitos: à
vida; à saúde, em condições justas, com especiais preocupações para as pessoas
mais carenciadas; à educação e formação; ao trabalho; à habitação em condições
dignas; à justiça, enfim, aos direitos consagrados na Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
A
Humanidade está cansada de discórdias, de injustiças, de exclusões de toda a
natureza. A comunidade global não pode continuar no rumo que tem vindo a
seguir, onde o «porto seguro» não se vislumbra. O mundo não pode desperdiçar as
pessoas de boa vontade, que desejam e lutam pela Paz, pela Amizade, pela
Felicidade e pela Harmonia entre todos os seres. O Natal é isto mesmo.
Enfim,
a minha reflexão muito especial, muito particular, vai no sentido público, como
uma espécie de contributo, para que o Natal seja verdadeiramente a Festa da
Família Humana, mas a começar por mim próprio, pela minha família, amigos e
todas as pessoas que comigo se relacionam.
Aproveito esta oportunidade: primeiro, pedir
desculpa por algum erro que, involuntariamente, tenha cometido e, com ele,
magoado alguém; depois para desejar um Santo e Feliz Natal, com verdade, com
lealdade, com gratidão, seja no seio da família, seja com outras pessoas, com
aquela amizade de um sincero «Amor
Humanista» e muito reconhecimento pelo que me tem ajudado, ao longo da
minha vida, compreendendo-me e nunca me abandonando.
É este Natal, praticamente simbólico, que eu
desejo festejar com a alegria possível, pesem embora as atuais restrições e
condicionalismos, impostos por um conjunto de situações cruéis, que atiram cada
vez mais pessoas para a miséria, fome e morte.
Finalmente,
de forma totalmente pessoal, sincera e muito sentida, desejo a todas as pessoas
que, verdadeiramente, com solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade, me
têm acompanhado, através dos meus escritos, um próspero Ano Novo e que 2024 e,
desejavelmente, as muitas dezenas de anos que se seguirem, lhes proporcionem o
que de melhor possa existir na vida, que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho,
Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas
aqui fica, publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As
Regras, são simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2023
Com o protesto da
minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente Vitalício
(Não Executivo) do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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