Inevitavelmente, numa fase da sua vida, toda a
pessoa busca uma determinada forma de Poder, que faz parte da própria evolução
biossocial do indivíduo, porém, nem todos conseguem exercer, condignamente,
esse mesmo poder, no respeito pelos deveres e pelos direitos da pessoa humana.
O exercício de um qualquer Poder, como forma de realização pessoal e/ou de
grupo, nem sempre obedece a regras claras, com isenção, com espírito de missão
e objetivos nobres.
É bem sabido
que diversas atividades são mais propícias ao exercício do Poder do que outras,
e que algumas delas ainda proporcionam privilégios que até são pagos pelos
vulgares cidadãos, mesmo acabando estes por serem, em grande parte das situações,
os mais prejudicados, na medida em que contribuem com os seus impostos e
donativos para alimentar determinados Poderes, onde se pode incluir, entre
outros, concretamente, alguns níveis do poder político, pese, embora, o facto
de a política ser uma atividade genuinamente humana, por vezes altruísta, e se
considerar fundamental para a resolução dos problemas da humanidade.
Inequivocamente, defende-se, aqui, a necessidade da
atividade política, contudo, respeitando princípios, valores e normas, compatíveis
com a dignidade humana e na igualdade objetiva perante leis que contemplem
todos os cidadãos de igual forma, porque, em boa verdade, numa democracia
verdadeira, não é aceitável quaisquer discriminações ou classificações do tipo:
cidadãos de primeira e de segunda categorias. Quem quiser privilégios, deve
pagá-los do seu próprio bolso.
Qualquer filosofia: política, social, cultural,
educativa, saúde, associativa, lazer, humanitária empresarial, emprego, entre
outras, carece de valores universais, princípios formais, metodologias claras,
objetivos concretos e resultados que possam ser distribuídos, equitativamente,
pela população-alvo, a que tal filosofia se dirige.
A política, enquanto atividade governativa pública,
democrática, exercida por uma classe bem específica, identificada por aquele
grupo minoritário de cidadãos, eleitos, ou nomeados politicamente, a que
vulgarmente se designa por políticos, nem sempre cumpre os projetos que promete
em campanha eleitoral, facto que desacredita quem nela se envolve, desincentiva
os cidadãos mais novos a darem o seu contributo, favorecendo com esta atitude
aqueles que, mandato após mandato, sempre nos mesmos cargos, vão construindo
uma carreira política, por vezes estática, dificultando a renovação, a execução
de projetos diferentes e, desejavelmente, uma maior abertura à cidadania
democrática.
A dimensão social da pessoa humana verifica-se ao
longo da história da humanidade, no entanto ela acentua-se, mais profundamente,
em períodos de crise, por isso é necessária uma atenção renovada dos
governantes em geral, e daqueles que são diretamente responsáveis por este
setor. A cidadania plena exige que a redistribuição das riquezas naturais
nacionais e também mundiais, seja melhor aplicada, por exemplo na erradicação
da pobreza, pelo trabalho e pelo estudo.
A cidadania, na sua vertente social, deve
constituir um desígnio universal, interpretado por aqueles que detêm o Poder,
por isso: «Necessário se faz alertar para
que sejam evitadas lideranças de quem pretenda, de maneira oportunista, tirar
proveitos políticos e insistir em dar ao movimento carácter ideológico
político. Já está provado que essas influências mais enfraquecem do que
fortalecem movimentos. As ideologias que precisam ser desenvolvidas são as da
participação democrática, do espírito de cidadania, do sentido de união, da
ética, da solidariedade.» (RESENDE, 2000:202).
As lideranças locais, nacionais e mundiais têm,
portanto, de aplicar todas as suas faculdades e disponibilidade, em simultâneo
com algumas competências, experiências, conhecimentos, princípios e valores,
para debelarem as crises, quantas vezes provocadas, precisamente, por quem não
querendo demonstrar aquelas características, permite que outros se aproveitem
de situações resultantes da elaboração de leis iníquas, ou mal preparadas, e
assim, ainda que involuntariamente, beneficiem determinados grupos.
É urgente parar e refletir sobre o que se tem
feito, corrigir o que está mal, redistribuir o que ainda resta, pelos mais
carenciados, incentivar o espírito de solidariedade daqueles que sempre foram
privilegiados, para agora serem estes a dar o seu contributo na resolução de
problemas sociais gravíssimos. Isto é o mínimo que se pode esperar de uma
Filosofia Política para a cidadania social.
Qualquer projeto que direta, ou indiretamente,
envolva ou se destine às pessoas humanas, deverá prever diversas dimensões da
qualidade de vida, nomeadamente, dimensão: económica, cultural, laboral,
educacional, saúde, ambiente, entre outras, e que no seu com junto podem contribuir
para uma cidadania plena, no âmbito de um mundo civilizado e humanista.
Conceber um qualquer empreendimento, sem nele se
incluírem aquelas e outras dimensões da pessoa humana, é ignorar realidades que
são comuns a todos os cidadãos. Hoje, (2024) primeiro quarto do século XXI,
quando se vive um gravíssimo período de crise, o caminho para uma sociedade
mais justa e para se sair da situação em que a humanidade vive, é “muito estreito, mas existe”, segundo as
palavras de Sua Excelência o Presidente da República, por ocasião da sua
mensagem de Ano Novo (2009) dirigida aos Portugueses.
A cidadania não é, apenas, a liberdade de
expressão, de religião, de votar e ser votado, do exercício de deveres e
fruição de direitos, em plena democracia. A cidadania deve ir mais fundo na
realização de projetos, no alcance de objectivos e na distribuição dos
resultados obtidos, de forma justa, se possível, discriminatória, porém, pela
positiva, beneficiando aqueles que mais precisam.
BIBLIOGRAFIA
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das
Competências: A melhor Autoajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio
de Janeiro: Qualitymark
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2024
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
Honorário do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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