Um projecto de cooperação, independentemente da
qualidade em que as partes intervêm, implica uma total disponibilização para
cooperar, responsável e eficazmente, nas áreas previamente acordadas e
rigorosamente apoiadas pelas instituições e/ou pelos indivíduos,
particularmente considerados.
Nesse sentido, a implementação de uma educação para
uma cultura da responsabilidade técnica, social, ética e moral, a partir das
gerações mais novas e ao nível dos ensinos médio e superior, parece ser uma
medida oportuna e exequível, para o que se requerem pessoas entusiasmadas,
apoiadas e disponíveis para se empenharem, se possível a tempo inteiro, em
projetos de cooperação internacional, seja no quadro oficial dos Governos, das
Empresas, das Associações, das Organizações Não-Governamentais e/ou dos
particulares.
A cultura da responsabilidade é um processo de
ensino-aprendizagem e de boas-práticas, que exige tempo, disciplina e vontade,
que pressupõe uma elevada auto-estima do indivíduo responsável, uma noção muito
clara dos valores que devem integrar uma tal cultura, uma disponibilidade ampla
para assumir atividades que aperfeiçoem e valorizem, desde logo, um espírito de
doação, sem traição às raízes originais, embora cooperando com outras culturas,
outros valores, outras pessoas.
São
necessárias pessoas que estejam dispostas para a cooperação, numa atitude de
trabalho permanente, sem preocupações de idade, nem de estatutos, sabendo viver
um dia de cada vez a vida, que é gratuitamente oferecida: «Trabalhar como se a vida fosse eterna, viver como se fossemos morrer
amanhã, eis um lema dos mais nobres e generosos, mas igualmente um lema
realista, porque a realidade é esta, nós somos uma doação, como obra e vida, e
só podemos ser fieis a nós mesmos se continuarmos a ser a doação que somos
pelas nossas origens.» (MENDONÇA, 1996:156)
Igualmente a partir da família e da escola, uma
cultura da responsabilidade é uma tarefa para a qual os encarregados de
educação, educadores, professores e formadores devem estar bem preparados, não
só em conhecimentos específicos como também nas boas-práticas diárias.
Responsabilidade implica liberdade, na medida
em que cada pessoa só pode ser responsabilizada pelos atos que livremente
pratica, nem de outro modo se compreenderia.
Por isso, educar para uma cultura da
responsabilidade, aciona um processo de cooperação, de parceria, de liberdade,
entre as partes, logo, a cooperação, no seu sentido mais amplo, no quadro
institucional, entre nações, instituições, associações e particulares, deve
realizar-se com pessoas responsavelmente livres e livremente responsáveis,
justamente porque: «Responsabilidade é
reconhecimento da autoria e aceitação das consequências de seus atos. São
manifestações de responsabilidade assumir intensa, plena e voluntariamente suas
decisões, responder leal e corajosamente pelos seus cometimentos, prestar
contas dos encargos ou obrigações, sofrer críticas, defender direitos inerentes
ao merecimento. A educação do senso de responsabilidade é tarefa heroica, pois
exige autoridade e maturidade dos educadores.» (SCHMIDT, 1967:14)
Bibliografia
MENDONÇA,
Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de
Janeiro RJ: Agir
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ:
Livraria Agir Editora
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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