domingo, 10 de junho de 2012

Família e Sexualidade

A célula mais ínfima da sociedade, que já dispõe de uma estrutura organizativa é, sem dúvida, a família e, o seu funcionamento, contribui, decisivamente, para o melhor ou pior desenvolvimento daquela.
A importância da família não deve, portanto, ser menosprezada pelos seus próprios elementos, os quais devem, eles próprios, isso sim, procurar por todas as formas admissíveis, a melhor harmonia e progresso. Na verdade, muitos são os problemas que afetam a estabilidade familiar, podendo citar-se, entre os que mais contribuem para a discórdia, no seu seio e que, inexoravelmente, passam à sociedade e provocam nesta, desequilíbrios mais ou menos profundos.
Com efeito, o desemprego, os salários em atraso e/ou o seu não pagamento, a falta de habitação, a confusão no ensino, a fome, o aborto, as dificuldades conjugais e a “sexualidade erótico-bestial”, sem o mínimo respeito pela dignidade de quem tem de “vender o corpo” poderão ser alguns dos males que contribuem para uma certa intolerância, desordem, revoltas à escala internacional e suicídio.
Naturalmente que não se tem a petulância de, neste trabalho, abordar todas aquelas situações nocivas, mas apenas de uma, a qual se prende com o comportamento sexual conjugal, analisado numa perspectiva ético-psicológica.
Segundo estatísticas credíveis, cerca de oitenta por cento dos casais portugueses, não vivem em harmonia sexual, e o relacionamento entre homem e mulher constitui, deste modo, um grave problema.
Não significa isto que tal percentagem dos matrimónios portugueses seja um fracasso total, um irremediável insucesso conjugal, mas tão só que, efetivamente, apenas vinte por cento desses casamentos terão condições ético-psicológicas para viverem com muita felicidade.
As duas componentes em análise são indissociáveis, já que o psíquico pode influenciar no ético e vice-versa, logo, abordar-se-á: primeiro, aquela componente para, depois, se incidir sobre a que mais diretamente se prende com a disciplina, objecto deste trabalho.
Seguramente que ao abordar-se este assunto, no contexto de uma disciplina moral, foi necessário refletir, profundamente, sobre a oportunidade do tema, considerando a eventual polémica que possa causar, isto é: emitir uma preocupação sobre uma situação que, certamente, estará na origem da deslealdade conjugal de muitos casais, com reflexos nocivos para a sociedade.
Invocando, uma vez mais, as estatísticas disponíveis, poder-se-á admitir que uma elevada percentagem de mulheres casadas sofre de uma falsa frigidez por desconhecimento, quando, na verdade, são normais. Ora, isto, constitui um primeiro perigo para a coesão familiar, cuja célula ainda resta numa sociedade em decomposição e na qual devia haver amor, compreensão e entre-ajuda.
Aqui coloca-se o problema da informação e da educação sexual, isto é, quando deverá começar, quem a deve ministrar, em que moldes, quer dizer, que tipo: pragmático, científico, ético, ou porque não, equilibradamente doseada. A educação sexual não será, decididamente, a panaceia para resolver, plenamente, a situação, mas será, eventualmente, um grande passo para a sua solução.
Acontece que os casos patológicos, quando como tal comprovados, fogem ao âmbito desta reflexão e, interessante será, denunciar, precisamente, situações ético-psicológicas que, mais frequentemente, conduzem à instabilidade familiar, tais como a pseudo-frigidez, a necessidade de uma informação sexual, o desconhecimento da problemática sexual, pseudo-impotência, tudo isto no aspeto psicológico.
No que concerne ao domínio ético, igualmente se verificam comportamentos desajustados, designadamente nas relações sexuais precoces, as extraconjugais, a prostituição, o erotismo técnico-exibicionista, o egoísmo da satisfação unilateral de um dos parceiros e, finalmente, as denominadas aberrações sexuais, tais como o homossexualismo, a masturbação e o transsexualismo, (atualmente, é necessário investigar as causas que conduzem a tais comportamentos, compreender os novos valores da sociedade atual, apoiar, incondicionalmente, as pessoas que, por estes procedimentos são felizes, não discriminar ninguém e manter um espírito e uma prática de inclusão).
Numa sociedade cada vez mais complexa, e tendo em conta uma determinada orientação filosófico-religiosa, ao nível do matrimónio legal e religiosamente celebrado, os atos sexuais naturais, praticados em comunhão recíproca dos cônjuges, com amor, afetividade e respeito, são aceitáveis pela Ética e pela Lei Divina, contribuindo, com a sua quota-parte, de forma eficaz, para a harmonia e felicidade conjugais, para a estabilidade e progresso da família, para o equilíbrio e tolerância da sociedade.
A Ética assume, na vida sexual, uma importância fundamental, tanto mais decisiva quanto mais vincula o indivíduo a uma praxis verdadeiramente humana, consentânea com os valores mais profundos que todos devem desejar reativar, agora que se iniciou um novo século, do qual se espera uma era de paz, de prosperidade, de amor e de progresso controlado, vocacionado para a supressão da fome, do ódio e da guerra.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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