A parceria Escola-Família, ou vice-versa, a ordem não parece relevante, e/ou influenciadora dos resultados, ainda que na perspetiva temporal a família surja em primeiro lugar é, portanto, insubstituível, não necessariamente a única. O cidadão-executivo que urge formar, com o objetivo da satisfação social, ao nível das pequenas e grandes sociedades, será extremamente enriquecido com a aprendizagem que receber daquelas duas instituições e, na verdade, facilmente se reconhece a pessoa que é educada no seio de uma família equilibrada, de valores, em conjugação e parceria com uma escola imparcial, ideologicamente neutra.
Mas também é verdade
que há muitas pessoas que, não obstante serem educadas no seio de famílias de
bem, transformam-se, por razões diversas, em autênticas “criaturas-bestiais”,
insensíveis, egoístas, ingratas, desleais, sem os valores civilizacionais e de
boa convivência. Tornam-se narcisistas e egocêntricas, não sendo por culpa das
boas famílias de onde provêm.
Infelizmente, tais
“criaturas-bestiais”, ainda estarão à frente de muitas organizações, seja de
carater cultural, cívico, político, religioso ou de outra natureza, com todos
os prejuízos para quem depende de tais instituições. Naturalmente que essas
“criaturas”, deveriam ter a humildade de reconhecer o quanto são nocivas,
indesejáveis e tentarem aprender, interiorizar e praticar os genuínos
princípios, valores e sentimentos, tão necessários, em muitas instituições, de
solidariedade social, bem como noutros setores da vida em sociedade.
Num destes cenários,
ganha relevância, e pertinência a formação de executivos competentes e
sensibilizados, ou não, respetivamente, para a resolução de situações sociais
difíceis, muitas das quais inaceitáveis, num mundo que se pretende mais justo e
fraterno. Também aqui a prudência é uma arma poderosa.
A formação do executivo
social, pressupõe, sem menosprezo por quaisquer métodos, conteúdos e avaliações
noutras especializações, uma educação e formação especiais, dir-se-ia, únicas,
porque compreender e resolver situações que afetam a dignidade humana, é bem
diferente de realizar quaisquer outras intervenções materiais.
A pessoa humana está
acima dos objetos, de outros animais e de outros interesses. A resolução de
situações de carências diversas, não são compatíveis com realizações que visam,
muitas vezes, o culto personalista de uma alegada entidade, ou a autopromoção
de quem pretende destacar-se dos seus iguais, mas sem quaisquer méritos de
humildade e respeito pelo próximo.
É com tais preocupações que a educação e
formação se revestem de características muito especiais, requerendo, ainda:
«1. Um certo ambiente, um clima social cristão. De
pouco serviriam belos princípios, se o ambiente que se respira na família,
colégio, paróquia, clube, cinema, imprensa, etc., são opostos à doutrina social
cristã;
2. Abertura aos outros. Descobrir ao ‘outro’ na
nossa vida e esta descoberta nos leve a preocupar-nos e sentirmo-nos
responsáveis por ele. Manifestação concreta do sentido social cristão é,
sobretudo, sentir um vivo interesse pelos outros, pela situação concreta em que
vivem os irmãos. Os problemas dos outros devem chegar a ser problemas de cada
um;
3. Sentido
Social. Esta abertura aos outros não pode ficar em uma compaixão que leve
talvez à beneficência e à pura assistência de indivíduos concretos para que
seja uma abertura com verdadeiro sentido social tem que promover o
desenvolvimento humano e orgânico da sociedade e da paz em todos os níveis da
convivência. A educação no sentido social supõe despertar a sensibilidade para
todos os problemas que afectam a vida dos homens e suscitar uma atitude de
colaboração e sacrifício pelo bem comum;
4. Educação da liberdade: (...). Isto implica a
educação do homem para que no exercício dos seus deveres e direitos, proceda
por decisões pessoais, fruto da própria convicção, da própria iniciativa do
próprio sentido de responsabilidade, mais que por coacção, pressão, ou qualquer
forma de imposição externa (...);
5. Virtudes sociais. (...) uma actuação livre e
responsável exige uma série de virtudes, sobretudo daquelas que são o
fundamento de toda a vida cristã (...). E junto a estas, a sensibilidade social
para os problemas dos outros, a responsabilidade em tudo quanto se realiza, a
tolerância e respeito à opinião dos outros, a solidariedade e sentido de
equipe, contra o individualismo, a veracidade e sinceridade, a lealdade, o
civismo.» (GALACHE-GINER-ARANZADI,
1969:17-18).
A circunstância do
cidadão-político ser eleito democraticamente, para um determinado cargo
executivo, por si só, não lhe confere plena legitimidade decisória, se não
estiver dotado de diversos conhecimentos, habilidades, experiências e,
fundamentalmente, sensibilidade, respeito, solidariedade, amizade e lealdade,
para com aqueles que sofrem as injustiças, que vivem em permanente carência de
diversos recursos, que são hostilizados por serem pobres, qualquer que seja a
natureza da sua pobreza: espiritual, material, liberdade, fraternidade e
igualdade.
Em bom rigor: «A dimensão social do homem, que se pretende
no cidadão do futuro, terá em conta a promoção do pleno desenvolvimento da
personalidade de cada um, precisamente no quadro de uma sociedade assente na
formação integrada, baseada nos valores humanos, com relevância para a dimensão
pessoal e comunitária de cada indivíduo, direccionada para o exercício
responsável, para a igualdade de oportunidades e de interesses, numa abertura
para um futuro de qualidade, no respeito pelos direitos e deveres humanos, com
observância pela solidariedade para com o outro e com o mundo, pelas ideias e
pela consciência dos demais, numa permanente atitude de flexibilidade e de
compromisso, na construção da fraternidade entre os homens e os restantes seres
da natureza, ou seja, uma total cumplicidade ecuménica que conduza ao bem-comum.»
(BÁRTOLO, 2009:99).
Bibliografia
BARTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2009).
Filosofia Social e Política, Especialização: Cidadania Luso-Brasileira,
Direitos Humanos e Relações Interpessoais, Tese de Doutoramento, (Curso Livre),
Bahia/Brasil: FATECTA – Faculdade Teológica e Cultural da Bahia.
GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola
Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2023
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes
de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
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