Servir na Armada Portuguesa, de facto, não era para qualquer pessoa. Esta circunstância alimentou, e reforçou a autoestima de um jovem humilde, pobre, mas que não virou as costas a um sonho, lutou, correu atrás dele e venceu, sempre convicto de que seria capaz de atingir este primeiro desiderato na sua vida, foi um pouco como refere o adágio popular: “O homem sonha; Deus quer e a obra nasce”, neste caso, o projeto, concretiza-se.
Um de
Abril de mil novecentos e sessenta e seis, data histórica, que prevalece na
memória de um cidadão, hoje, pai e avô, que continua a orgulhar-se do
privilégio de ter servido na Armada Portuguesa, com total empenho,
desvanecimento incontido e, acima de tudo, um grande respeito pelos valores que
continuam a orientar todas as pessoas, nas diversas especialidades, com as
diferentes patentes e motivações, que excedem todas as expetativas, continuam a
“Amar” a nossa Armada.
Cinquenta
e oito anos se passaram, o lema que continua a orientar a vida deste cidadão: “A Pátria Honrae que a Pátria vos Contempla”.
A escolha, feita, há mais de meio século, considera-a, ainda hoje, como sempre,
a mais acertada, isto é: “servir a Armada Portuguesa, foi a forma que
considerou a mais abnegada, de amar o seu país”, nada pedindo, então, em troca.
No dia
um de Abril (que não foi nenhuma mentira), aquele jovem sonhador apresentava-se
no Corpo de Marinheiros no Alfeite, onde adquiriria todo o fardamento
necessário, para, de imediato, e ainda no mesmo dia, receber a respetiva “Guia
de Marcha” e dirigir-se para o Grupo número Um de Escolas da Armada, em Vila
Franca de Xira, onde se processaria a preparação militar dos mancebos, e também
dos recrutas, que se prolongou até quinze de Julho, data do “Juramento de
Bandeira”, a que correspondia o fim da recruta.
O
contingente de abril de mil novecentos e sessenta e seis era composto por mais
de mil homens: cerca de quinhentos e cinquenta, mancebos voluntários, com dezassete/dezoito
anos; os restantes, jovens recrutados na idade normal para o serviço militar,
com vinte/vinte e um anos de idade.
Cumprir
o serviço militar na Armada Portuguesa, como de resto, nos restantes ramos das
Forças Armadas, era, naturalmente, uma imposição que pendia sobre todos os
jovens Portugueses, todavia, existia a outra alternativa, que já foi
identificada: a emigração que, até ao vinte e cinco de abril de mil novecentos
e setenta e quatro, era feita sob a “capa” da clandestinidade, com imensos
riscos, incluindo perigo de vida, para os Portugueses que optavam por sair do
país.
O
cumprimento do serviço militar na Armada Portuguesa constituía e, continua a
ser, uma incomparável “Escola de Vida Excecional”. Aqui se cultivavam os
valores da solidariedade, da camaradagem, da lealdade, do humanismo, do
respeito, da tolerância, da compreensão e da entreajuda; nela, na Armada, se
cumprem: com rigor, profissionalismo e atualização, as diversas funções que
cabem a cada mulher e a cada homem; neste ramo das Forças Armadas o “espírito
de missão”, o altruísmo com que se realizam as gratificantes tarefas, por mais
“penosas” que possam parecer, é uma constante.
“A Pátria honrae que a Pátria vos Contempla”.
E não há que ter complexos ao se escrever, e/ou pronunciar a palavra “Pátria”,
porque ela significa o Território, a Língua, a História, a Cultura, com as suas
tradições, usos e costumes, os objetivos, enfim um Destino comum. Tudo isto se
defende no serviço militar, em geral e na Armada em particular.
É
muito importante, para a formação da pessoa, verdadeiramente humana, que, as/os
jovens Portugueses, cumpram um período, ainda que de alguns meses, de serviço
militar, mesmo que seja em regime de voluntariado, sem prejuízo das suas
atividades profissionais, pelo menos em tempo de paz, porque não há melhor
escola na vida, do que tudo o que se aprende na Escola Militar.
Há
cinquenta anos, realmente, os jovens Portugueses eram mesmo obrigados ao
serviço militar, em alguns casos, por longos anos, a maioria daqueles com
“Destino” marcado para as ex-províncias ultramarinas, das quais não sabiam se
voltavam vivos, onde muitos, realmente, perderam a vida, outros regressaram com
deficiências, mais ou menos profundas, para o resto da vida e, também, muitas
mulheres portuguesas ficaram sem os seus filhos, milhares de viúvas, enfim, uma
autêntica tragédia humana, porque as lições da História, os exemplos de outros
países colonizadores, não foram bem estudados por quem, então, tinha a
obrigação e a responsabilidade de tudo fazer para evitar este morticínio
nacional.
Decorridos
cinquenta anos, no passado primeiro de Abril de dois mil e vinte e quatro, poderemos,
contudo, continuar a proclamar, em voz bem alta, o lema de que tanto nos
orgulhamos, nós, mulheres e homens de Portugal, aquelas e aqueles que serviram
a Armada Portuguesa: “A Pátria Honrae que
a Pátria vos Contempla”. Não tenhamos vergonha, nem complexos de sermos
genuinamente Portugueses, democraticamente patriotas, sem ressentimentos, nem
vergonha do nosso passado cultural, humanista e tolerante.
E para concluir, um pouco de História: «A
exemplo do que sucede em muitos outros países, também os navios da Marinha
Portuguesa ostentam uma divisa patriótica. Numa época em que os nacionalismos
varriam a Europa, coube ao rei D. Luís (1861-1889), por inspiração do seu
Ministro da Marinha e Ultramar, a decisão de colocar uma divisa a bordo dos
navios da Marinha Real. José da Silva Mendes Leal (1820-1886), Ministro da Marinha
e Ultramar entre 1862 e 1864, assinou a 20 de março de 1863, a portaria que
abaixo se transcreve, atribuindo aos navios da Marinha o célebre lema:
Muito embora todos os
navios da Marinha Portuguesa ostentem este lema, o NRP Sagres é o único que
atualmente cumpre com a portaria de 1863, que determina a sua colocação no tombadilho.
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao
diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2024
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
Sem comentários:
Enviar um comentário