sábado, 18 de maio de 2024

MARINHA. ALTRUÍSMO E ESPÍRITO DE MISSÃO (20 de Maio)

 Servir na Armada Portuguesa, de facto, não era para qualquer pessoa. Esta circunstância alimentou, e reforçou a autoestima de um jovem humilde, pobre, mas que não virou as costas a um sonho, lutou, correu atrás dele e venceu, sempre convicto de que seria capaz de atingir este primeiro desiderato na sua vida, foi um pouco como refere o adágio popular: “O homem sonha; Deus quer e a obra nasce”, neste caso, o projeto, concretiza-se.

Um de Abril de mil novecentos e sessenta e seis, data histórica, que prevalece na memória de um cidadão, hoje, pai e avô, que continua a orgulhar-se do privilégio de ter servido na Armada Portuguesa, com total empenho, desvanecimento incontido e, acima de tudo, um grande respeito pelos valores que continuam a orientar todas as pessoas, nas diversas especialidades, com as diferentes patentes e motivações, que excedem todas as expetativas, continuam a “Amar” a nossa Armada.

Cinquenta e oito anos se passaram, o lema que continua a orientar a vida deste cidadão: “A Pátria Honrae que a Pátria vos Contempla”. A escolha, feita, há mais de meio século, considera-a, ainda hoje, como sempre, a mais acertada, isto é: “servir a Armada Portuguesa, foi a forma que considerou a mais abnegada, de amar o seu país”, nada pedindo, então, em troca.

No dia um de Abril (que não foi nenhuma mentira), aquele jovem sonhador apresentava-se no Corpo de Marinheiros no Alfeite, onde adquiriria todo o fardamento necessário, para, de imediato, e ainda no mesmo dia, receber a respetiva “Guia de Marcha” e dirigir-se para o Grupo número Um de Escolas da Armada, em Vila Franca de Xira, onde se processaria a preparação militar dos mancebos, e também dos recrutas, que se prolongou até quinze de Julho, data do “Juramento de Bandeira”, a que correspondia o fim da recruta.

O contingente de abril de mil novecentos e sessenta e seis era composto por mais de mil homens: cerca de quinhentos e cinquenta, mancebos voluntários, com dezassete/dezoito anos; os restantes, jovens recrutados na idade normal para o serviço militar, com vinte/vinte e um anos de idade.

Cumprir o serviço militar na Armada Portuguesa, como de resto, nos restantes ramos das Forças Armadas, era, naturalmente, uma imposição que pendia sobre todos os jovens Portugueses, todavia, existia a outra alternativa, que já foi identificada: a emigração que, até ao vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro, era feita sob a “capa” da clandestinidade, com imensos riscos, incluindo perigo de vida, para os Portugueses que optavam por sair do país.

O cumprimento do serviço militar na Armada Portuguesa constituía e, continua a ser, uma incomparável “Escola de Vida Excecional”. Aqui se cultivavam os valores da solidariedade, da camaradagem, da lealdade, do humanismo, do respeito, da tolerância, da compreensão e da entreajuda; nela, na Armada, se cumprem: com rigor, profissionalismo e atualização, as diversas funções que cabem a cada mulher e a cada homem; neste ramo das Forças Armadas o “espírito de missão”, o altruísmo com que se realizam as gratificantes tarefas, por mais “penosas” que possam parecer, é uma constante.

A Pátria honrae que a Pátria vos Contempla”. E não há que ter complexos ao se escrever, e/ou pronunciar a palavra “Pátria”, porque ela significa o Território, a Língua, a História, a Cultura, com as suas tradições, usos e costumes, os objetivos, enfim um Destino comum. Tudo isto se defende no serviço militar, em geral e na Armada em particular.

É muito importante, para a formação da pessoa, verdadeiramente humana, que, as/os jovens Portugueses, cumpram um período, ainda que de alguns meses, de serviço militar, mesmo que seja em regime de voluntariado, sem prejuízo das suas atividades profissionais, pelo menos em tempo de paz, porque não há melhor escola na vida, do que tudo o que se aprende na Escola Militar.

Há cinquenta anos, realmente, os jovens Portugueses eram mesmo obrigados ao serviço militar, em alguns casos, por longos anos, a maioria daqueles com “Destino” marcado para as ex-províncias ultramarinas, das quais não sabiam se voltavam vivos, onde muitos, realmente, perderam a vida, outros regressaram com deficiências, mais ou menos profundas, para o resto da vida e, também, muitas mulheres portuguesas ficaram sem os seus filhos, milhares de viúvas, enfim, uma autêntica tragédia humana, porque as lições da História, os exemplos de outros países colonizadores, não foram bem estudados por quem, então, tinha a obrigação e a responsabilidade de tudo fazer para evitar este morticínio nacional.

Decorridos cinquenta anos, no passado primeiro de Abril de dois mil e vinte e quatro, poderemos, contudo, continuar a proclamar, em voz bem alta, o lema de que tanto nos orgulhamos, nós, mulheres e homens de Portugal, aquelas e aqueles que serviram a Armada Portuguesa: “A Pátria Honrae que a Pátria vos Contempla”. Não tenhamos vergonha, nem complexos de sermos genuinamente Portugueses, democraticamente patriotas, sem ressentimentos, nem vergonha do nosso passado cultural, humanista e tolerante.

 E para concluir, um pouco de História: «A exemplo do que sucede em muitos outros países, também os navios da Marinha Portuguesa ostentam uma divisa patriótica. Numa época em que os nacionalismos varriam a Europa, coube ao rei D. Luís (1861-1889), por inspiração do seu Ministro da Marinha e Ultramar, a decisão de colocar uma divisa a bordo dos navios da Marinha Real. José da Silva Mendes Leal (1820-1886), Ministro da Marinha e Ultramar entre 1862 e 1864, assinou a 20 de março de 1863, a portaria que abaixo se transcreve, atribuindo aos navios da Marinha o célebre lema:

«Manda Sua Majestade El-Rei declarar ao conselheiro inspector do arsenal da marinha, que sendo muito conveniente estimular por todos os modos os brios patrióticos e os nobres sentimentos, há por bem ordenar que immediatamente faça apromtar e assentar nos navios que tenham tombadilho no vau d’este, e nos outros no ponto mais visível da tolda, a seguinte inscripção em letras de metal bem visíveis «A PATRIA HONRAE QUE A PATRIA VOS CONTEMPLA».

Muito embora todos os navios da Marinha Portuguesa ostentem este lema, o NRP Sagres é o único que atualmente cumpre com a portaria de 1863, que determina a sua colocação no tombadilho.

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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