O sentido ético, em
primeira linha, no que se refere ao respeito e consideração devidos ao cidadão
que, antes de ser considerado como tal, já é pessoa humana, qualidade que
prevalece em relação a quaisquer outras, logo, não pode haver nenhuma
discriminação negativa.
Na verdade:
«A
ética encara o indivíduo como pessoa e, assim sendo, não podemos ser tratados
como coisa. Os valores éticos representam uma garantia da nossa condição de
pessoa, proibindo moralmente tudo que nos transforme em coisa usada e manipulada
pelos demais. A ética estabelece normas, visando impor limites e o controle ao
risco constante da prática da violência (…). A prática da ética nas
organizações ou na sociedade requer a construção de um espaço democrático,
participativo, no qual as pessoas possam se mobilizar para conquistar,
legitimamente, os seus interesses respeitando democraticamente as diferenças. »
(CARVALHO, (2007:88-89).
Pode-se inferir, da
meditação que antecede, que é muito grande a responsabilidade moral e ética dos
governantes, naturalmente, acrescidas, quando se trata de administrar, aplicar,
repartir e redistribuir recursos que são públicos, a maior parte dos quais,
provenientes do esforço, por vezes desumano, dos contribuintes que,
coercivamente, pagam os seus impostos, sendo verdade que, alguns destes são,
profundamente, injustos, porque tanto paga o pobre como o rico.
Em tal contexto, todo o
gestor público deve possuir um sentido muito forte do que é verdadeiramente
social, justo, necessário e inadiável, separando daquilo que é secundário
supérfluo e injusto. É justo e desejável que se invista mais nas pequenas
comunidades, como assim se podem caracterizar as aldeias portuguesas, nas quais
vive uma população trabalhadora, honesta, generosa e, por vezes, discriminada negativamente,
ou não atendida nas suas necessidades mais básicas, para se investir noutras,
que já possuem um nível de desenvolvimento mais avançado, e até uma qualidade
de vida mais elevada.
Os recursos naturais,
os que são obtidos pela prestação de determinados serviços, e pela cobrança de
impostos legais, não podem, portanto, ser canalizados para grandes ou pequenos
investimentos, de natureza mais ou menos dispensável, não considerados de
primeira necessidade, porque não adianta “fazer
grandes e dispendiosos comícios, quando o povo tem o estômago vazio, está
doente, desempregado e marginalizado.”
Obviamente que todas as
dimensões da vida humana devem ser, na medida do possível, satisfeitas: da
cultura ao lazer; da religião à política; do trabalho ao descanso. Em bom
rigor, é importante aplicar alguma percentagem dos recursos nestes bens,
estabelecido que esteja o diagnóstico social da comunidade, elaborada a
respetiva pirâmide de necessidades e concebida a melhor estratégia para se
alcançarem os objetivos conectados com cada carência.
Neste domínio, a
redistribuição da riqueza, a nível local: Município e Freguesias, numa
perspectiva social, cabendo neste conceito tudo o que importa ao bem-estar
geral das populações, pode o executivo municipal, em parceria com a Junta de
Freguesia e o Centro Regional de Segurança Social, por exemplo, conduzir todo
um projeto que, seguramente, produzirá bons resultados, porque haverá
profissionalismo, sensibilidade, conhecimento e disponibilidade para resolver
as diferentes situações:
«A
intervenção do serviço social é uma intervenção a nível do povo, de modo que a
vivência de seus problemas e a educação social do mesmo se faz fundamental.» (FALCÃO, 1979:55).
O executivo municipal,
tal como o executivo da freguesia, estão, portanto, numa posição privilegiada,
principalmente nos pequenos concelhos e aldeias rurais, porque conhecem,
razoavelmente, pelo menos no que chega ao exterior: quais as pessoas e grupos
mais carenciados; quais os melhoramentos públicos, mais necessários, ao nível
das infraestruturas, como: acessibilidades, vias de circulação interna,
saneamento básico, habitação, educação, emprego, abastecimento público, saúde,
higiene e salubridade públicas e outras situações, e a partir da recolha
exaustiva e verdadeira de todos os elementos, decidir, precisamente, como vai
aplicar (redistribuir) os recursos disponíveis, com equidade e sentido social.
A credibilidade dos
órgãos do poder, na circunstância, do poder político, passa por decisões e
atitudes coerentes, transparentes e assertivas.
Certamente que a partir
de critérios rigorosos, justos e adequados a cada situação: é possível efetuar
uma aplicação muito satisfatória dos recursos públicos; com este comportamento
se ir ganhando confiança e controlo; aumentar a credibilidade nos órgãos
políticos e seus dirigentes.
O valor “credibilidade” tem, necessariamente, uma
cumplicidade com o valor “justiça” e
com a “ética”, na medida em que:
«Os
princípios éticos sugerem que as pessoas procurem benefícios mútuos sempre que
possível e que, quando seus interesses entram em conflito com os interesses do
outro, insistam para que as decisões se baseiem em padrões justos,
independentes da vontade dos dois lados, utilizando o diálogo. Torna-se
premente o resgate de uma ética baseada em uma comunicação dialógica, com o
respeito mútuo das individualidades. Percebe-se que, gradativamente, esses
novos paradigmas estão se instalando nas relações sociais. Dentro deste novo
contexto ético, um predicado será determinante ao sucesso profissional:
credibilidade.» (MARTINS, 2005:38).
Colocada, assim, a
redistribuição dos recursos públicos, com bases éticas, justas e credíveis,
naturalmente que a parceria tripartida, neste caso: Câmara Municipal, Junta de
Freguesia e Segurança Social, afigura-se a estratégia mais adequada, cujos
objetivos, tão meritórios, poucos ousarão contestar, e a maioria se sentirá
confiante nos administradores públicos, na circunstância, nos políticos, nas
instituições e nas medidas que vão sendo tomadas.
A redistribuição dos
recursos, da riqueza que todos ajudam a produzir, tem que ser feita por pessoas
com rosto, a quem se pode pedir responsabilidades, mas também em quem se possa
confiar, que oferecem credibilidade, tal como a aplicação da redistribuição
(aplicação objetiva) da riqueza, será uma decisão que a parceria tripartida
tomará, com total transparência, publicidade e ouvidas sempre as partes
interessadas.
Não podem, tais decisões,
partir do livre arbítrio de uma única pessoa, por mais esclarecida que,
pretensamente, ela própria se possa considerar. A coesão nas decisões reforça a
intervenção social, justa e equitativa.
Bibliografia.
CARVALHO,
Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão
de Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: Senac Nacional
FALCÃO,
Maria do Carmo Brant de Carvalho (1979). Serviço Social. Uma nova Visão
Teórica. 3ª Edição, revista. São Paulo: Cortez e Moraes.
MARTINS, Vera
Lúcia Franco, (2005). Seja Assertivo – como
ser direto, objetivo e fazer o que tem de ser feito: como construir
relacionamentos saudáveis usando a assertividade. Rio de Janeiro: Elsevier
“NÃO, ao ímpeto das
armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2024
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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