domingo, 15 de setembro de 2024

EDUCAÇÃO CÍVICA E OBRIGAÇÃO PROFISSIONAL.

Qualquer que seja a profissão desenvolvida pelo cidadão, ela sempre comporta um conjunto de deveres e de direitos. O profissional responde: perante alguém que contrata os seus serviços quando na qualidade de trabalhador independente; ou junto de uma entidade patronal, quando exerce as suas funções por conta de outrem.

Do mesmo modo, na primeira, ou segunda, situações, tem direitos que lhe assistem e pode, portanto, usufruir. Há, contudo, algumas diferenças que resultam dos diferentes contextos em que se movimenta o profissional e, também, em relação às diferentes profissões.

Como esclarecimento prévio, fica desde já convencionado que todas as profissões são dignas, quando exercidas com competência, no respeito pelos direitos das pessoas e entidades, e no cumprimento dos deveres que competem ao profissional. Resulta que não haverá profissões mais dignas do que outras nem profissionais que mereçam mais respeito do que outros.

O que se pode questionar e refletir é sobre o grau de responsabilidade entre as diversas profissões e, mesmo a este nível, nos diferentes contextos em que são exercidas. Também se poderá equacionar responsabilidade e competência, em que aquela é tanto maior quando esta é mais sinónimo de eficácia e exigência pública.

Portanto, interessa que a todo o profissional, dentro da sua área específica, se lhe exija competência, saber realizar as tarefas que lhe são próprias sem desvios significativos do núcleo central de conhecimentos que deve possuir, enfim, competência como caminho para obtenção de resultados, aceitando-se que: «Competência é a transformação de conhecimentos, aptidões, habilidades, interesse, vontade, etc., em resultados práticos. Ter conhecimento e experiência e não saber aplicá-los em favor de um objectivo, de uma necessidade de um compromisso, significa não ser competente, no sentido aqui destacado. Competência é, portanto, resultante da combinação de conhecimentos com comportamentos. Conhecimentos que incluem formação, treinamento, experiência, autodesenvolvimento. Comportamento que engloba habilidades, interesse, vontade.» (RESENDE, 2000:32).

 O exercício de uma atividade pressupõe, naturalmente, competência, nos termos em que aqui ficou conceituada, ou em quaisquer outros que melhor se adaptem à profissão ou às suas circunstâncias, mas também exige responsabilidade, por parte de quem realiza, de quem manda executar um determinado serviço, ou fornece/adquire um certo bem.

Seria difícil, nos tempos atuais, pedir responsabilidades a quem não se concede liberdade, isto é, responsabilizar alguém por um lado, retirando-lhe toda a liberdade e autonomia para executar, é uma atitude ilógica, que poderá tornar-se, eventualmente, injusta.

A responsabilidade existe, portanto, em todos os atos dos cidadãos, independentemente dos contextos em que eles são produzidos. Desenvolver uma determinada atividade, profissional ou lúdica, em liberdade, implica ainda maior responsabilidade. A dupla: liberdade-responsabilidade é, também ela, inseparável e uma aumenta na proporção da outra, o que, por outro lado, eleva, igualmente, a autoestima e autoconfiança da pessoa.

Com efeito: «A maneira mais segura de despertar a autoconfiança e a responsabilidade pessoal é reconhecer e se identificar com as diversas alternativas, que uma sociedade livre nos oferece. A liberdade de escolha nos apresenta, essencialmente, duas decisões fundamentais, diante de qualquer circunstância: ou aceitamos as coisas como elas são; ou assumimos nossa quota de responsabilidade da realização das alterações que desejamos.» (POLE, 1998:53).

Toda e qualquer responsabilidade – profissional, política, religiosa, cívica, escolar, desportiva ou outra -, passa, necessariamente, pela formação/educação que a pessoa vem tendo ao longo da vida, a começar no seio da família, aliás, quem não está habituado a assumir, ou ser responsabilizado, no contexto familiar, muito dificilmente o será no âmbito de uma sociedade livre, democrática, de plena cidadania. Por isso é que, educar para a cidadania é primordial, num mundo tão conturbado, mas que a pessoa humana ainda está a tempo de reverter para melhor.

A responsabilidade profissional pode adquirir-se pela educação cívica nos seus diferentes contornos que, sem dúvida, são muitos, como mais especificamente no exercício da própria atividade. Como uma profissão só se começa a exercer na idade praticamente adulta, é necessária toda uma educação/formação até àquela idade, que depois se prolongará por toda a vida. Tal como a personalidade, a responsabilidade vai-se melhorando e todo um conjunto de fatores que caracterizam a pessoa de bem.

O comportamento responsável é suscetível de ser transmitido, ou sensibilizado, justamente, através da educação/formação para a cidadania, tal como muitos outros valores. Claro que a família não terá condições para promover e desenvolver todas as estratégias, mas deverá fazer um esforço para que, pelo menos, não destrua o que a escola transmite.

Quer num contexto – família -, quer em qualquer outro – escola, Igreja, empresas, comunicação -, entenda-se que: «A educação para a cidadania deve ser um caminho de aprendizagem, de respeito e de aceitação da diferença, encarando o pluralismo não só como uma característica da nossa sociedade como algo de bom e de valor em si mesmo; a educação para a cidadania deve ser alicerçada em modelos educativos que estimulem o aperfeiçoamento do comportamento humano ao nível da solidariedade, da justiça e de um estilo de convivência que valorize a autonomia, o diálogo e o espírito de participação na vida da comunidade.» (FONSECA, 2001:56).

 

Bibliografia

 

FONSECA, António Manuel, (2001). Educar para a Cidadania. Motivações, Princípios e Metodologias, Porto: Porto Editora.

POLE, Timothy, (1998). Ser Você. Tradução Arlete Dialetachi. São Paulo: Editora Angra, Ltdª

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Autoajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2024

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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