O mundo moderno, que se pretende civilizado e
democrático, quaisquer que sejam os instrumentos constitucionais, em que uma
determinada sociedade se constitua, tolera cada vez menos as práticas
ditatoriais e, nesse sentido, implementará medidas educativas, formativas e
cívicas que, gradualmente, inspirem um novo conceito de cidadania.
Na base de tais estratégias e para lhes dar a
credibilidade e eficácia adequadas, encontra-se a escola no seu papel
insubstituível de educar, formar, e instruir. Naturalmente que não se pode
ignorar a força, legitimidade e competências do poder político, legal e
democraticamente constituído, ao qual compete, em primeira instância, enquanto
legislador e executor, traçar os objetivos, proporcionar os meios e acompanhar
todo o processo educativo.
Construir um projecto educativo, à medida de
determinadas vocações, é um objetivo nobre, que não só dignifica a instituição
escolar como enriquece todos os intervenientes na iniciativa, sejam
professores-formadores, sejam alunos-formandos e qualquer outro pessoal fora do
contexto escolar, mas que sinta o chamamento vocacional para uma área da
intervenção educativa.
Um projecto de existência, que dignifique este novo
cidadão, não só enquanto tal, como ainda enquanto pessoa humana, portadora de
princípios, valores, sentimentos, emoções, sonhos e projetos de vida,
certamente, em função da sua cultura. Que maior riqueza e benefício para um
país que, sem preconceitos narcisistas, xenófobos, etnocêntricos, religiosos,
ideológicos ou outros, proporciona a toda a população, autóctone ou imigrante,
condições para cada indivíduo realizar o seu projecto de vida?
Nesta linha de orientação, o perfil do cidadão que
se pretende para os novos tempos que se avizinham, será o de um interventor
decisivo na elaboração, desenvolvimento prático e validação do projeto
vocacional, para o que, indiscutivelmente, carece de uma orientação credível e
ao longo da vida, a qual será prestada por instituições escolares dos vários
níveis do ensino/aprendizagem e formação, para o efeito dotadas dos recursos
humanos, técnicos e financeiros, especificamente apropriados e compatíveis, na
medida em que nestes projetos e no seu sucesso se joga, em grande parte, a
felicidade, em todos os sentidos do humanamente possível, da sociedade do
futuro.
Chamar aqui a escola multicultural para coordenar,
incentivar e consolidar uma educação intercultural, parece uma boa medida, quer
para os nacionais, quer para os imigrantes. O sucesso na aposta da escola multicultural
depende, em primeira análise, dos nacionais residentes: sejam técnicos
docentes; sejam quaisquer outros cidadãos discentes, porque o objetivo será, no
seu resultado final, todos interiorizarem as vantagens de uma educação, que
promova e facilite o relacionamento exemplar entre indivíduos de culturas
diversas, para o que se pressupõem competências, atitudes e abertura para
conviver com situações diferentes das que eram habituais.
No exercício da cidadania plena, liberdade e
autonomia são dois valores essenciais à dignidade da pessoa humana e, qualquer
deles, entre muitos outros possíveis, e igualmente fundamentais, não só devem
ser divulgados e estudados, como também, exercidos plenamente.
O papel da educação revela-se, aqui, uma vez mais,
de extrema importância e, nesse sentido, a escola tem a grande responsabilidade
de ministrar: não só conhecimentos, em redor daqueles valores; como também
transmitir práticas consentâneas com os mesmos, ou seja, só em liberdade se
consegue uma preparação para a vida autónoma do cidadão, por isso não se
aceitará, hoje e sempre, sem mais discussão, uma escola e uma educação que
ignorem as realidades circundantes a ela.
Não se justificam certos preconceitos, a propósito
de no país aumentar o número de graduados, nas diversas áreas do conhecimento,
porque isso, a médio prazo, beneficiará a sociedade em geral, na medida em que
passará a existir uma melhor compreensão dos problemas, mais criatividade para
os resolver, ao invés de se poder estar a cair numa situação de pessoas
indignadas, desmotivadas e improdutivas, porque não lhes foram reconhecidas
capacidades, vocações, boa-vontade, disponibilidade e alguns sacrifícios para
concretizarem um projeto de vida, assente no conhecimento, na cultura, na
liberdade, na autonomia, em suma, na plena cidadania que assiste à pessoa
humana, genuinamente digna e que pode, e deve, ser apoiada, também, pela
comunidade científico-universitária. (TA-521).
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone:
00351 936 400 689
Imprensa
Escrita Local:
Jornal:
“Terra e Mar”
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
Sem comentários:
Enviar um comentário