A sociedade moderna, ou como já muita gente prefere
dizer, pós-moderna, tem vindo a adotar princípios e valores que conduzem a
sentimentos, e atitudes diferentes, de há algumas décadas atrás, porque é
natural, e até desejável, que se verifique uma evolução positiva, desde que
para o bem-comum, todavia, é extremamente difícil, conjugar todos os interesses
que cada pessoa, cada grupo, cada comunidade e cada país preferem, para o seu
próprio bem-estar.
Hoje em dia, primeiro quarto do século XXI, o mundo
vive em quase permanente “crispação”, pelos mais diversos motivos e
conveniências, de tal forma que, praticamente, não se olha a meios para se
atingirem os fins. A violência grassa um pouco por todo o lado, e os seus
expoentes máximos verificam-se no tráfico de seres e órgãos humanos, na
comercialização e consumo desenfreados de drogas cada vez mais sofisticadas e
mortíferas, no terrorismo que se vai generalizando um pouco por todo o mundo,
entre outros males.
É neste contexto que vivem as famílias atuais: quer
as que se constituíram; quer as que desejam organizar-se, certamente, porque
será esse o objetivo da maioria das pessoas, e a Lei Natural nos impulsiona
para esse desígnio que, quando realizado em plenitude, de facto edifica um bem
supremo, que é necessário aprofundar, melhorar, defender, consolidar.
A vida matrimonial é muito complexa: nem sempre
pelas dificuldades económico-financeiras que ao casal se colocam; nem pelas vicissitudes
da vida, tais como doenças, desavenças familiares e de vizinhança, acidentes
diversos, desemprego, entre outras situações que conduzem à desestabilização
conjugal. Os factores intervenientes são muitos e diariamente se fazem sentir
na família.
Naquele dia 14 de Agosto de 1971, há precisamente
quarenta e cinco anos, dois jovens se uniam, pelo amor intenso que deles tomou
conta, no ardor de uma paixão imensa, sincera, incondicional, porque aquele
sentimento, nunca antes vivenciado pelos dois, seria o “cimento” que os
“colaria”, então como agora, para o resto da vida, ou pelo menos, até ao dia de
hoje, porque: “O Futuro a Deus Pertence”
e nunca saberemos o que nos pode acontecer amanhã.
Naquele quase “fim-de-mundo” de África,
concretamente no Leste de Angola, então sob administração portuguesa, a cidade
do Luso (hoje Luena) foi palco deste amor, tão verdadeiro, quanto arrebatado e,
também, inicialmente, muito vigiado, extremamente controlado porque,
compreensivelmente, os familiares daquela belíssima jovem, receavam que algo de
menos bom lhe pudesse acontecer.
O jovem marinheiro, a cumprir as suas obrigações
militares, estava, porém, imbuído das melhores intenções, porque ele nunca
tinha amado tanto uma mulher, apesar de, como a maioria dos jovens do seu
tempo, em geral e, singularmente, os marinheiros da Armada Portuguesa, em
particular, terem uma grande “inclinação” para conseguirem as amizades das
então “madrinhas de guerra”, de que resultava, muitas vezes, um namoro e,
também, com alguma frequência, o casamento. Não foi este o caminho seguido por
este juvenil marinheiro, que, naquelas circunstâncias, como ao longo da sua
vida, sempre honrou os compromissos, assumindo, claramente, a palavra dada.
Logo no ano de 1970, portanto, pouco tempo depois
da sua chegada ao Luso, através de vários contactos comuns aos dois jovens,
estes encontraram-se na propriedade dos pais da jovem e, os primeiros olhares
entre os dois, foram “maravilhosamente fatais”, o destino deslumbrante que se
adivinhava estava nas expressões de uma espécie de felicidade “antecipada”, por
isso, de ora em diante, o relacionamento entre eles, começou a aprofundar-se,
as visitas, do jovem marinheiro à casa da bela “Transmontana” tornaram-se muito
mais frequentes.
Este jovem casal de apaixonados, já
irremediavelmente unidos pelos laços deliciosos de um genuíno amor, teria pela
sua frente uma “estrada” difícil para percorrer, até chegar ao dia da união
matrimonial, que era o desfecho que eles mais ambicionavam, em que sempre
acreditaram, que acabaram por vencer e, finalmente, toda a família e amigos
reconhecerem que contra a grandiosidade de um amor incondicional, entre uma
mulher e um homem, nada há a fazer.
Os dois enamorados, prosseguiam os seus encontros:
inicialmente, em segredo, escondidos da família da jovem que, continuava
receosa que aquele jovem militar, terminada a comissão, regressasse à então
designada ”Metrópole”, abandonando a jovem, sabe-se lá em que “condições”;
contudo, numa fase posterior, a compreensão e, quem sabe se a “resignação”
acabaram por prevalecer.
Os dois jovens, Assunção e Lourenço, assim os
poderemos identificar, puderam, finalmente, assumir aos olhos de todos o seu
amor, porque perante as suas consciências, e perante Deus, eles sabiam que se
amavam integralmente, que queriam ficar juntos para o resto da vida, formar a
sua própria família, com filhos, netos, mantendo por perto, obviamente, os
familiares e amigos de ambos.
O jovem casal de apaixonados, como que “navegava”,
agora, em águas serenas, no barco do amor infinito, na confiança recíproca que
este sentimento nobilíssimo lhes incutia. A felicidade era a expressão comum
nos rostos de Assunção e de Lourenço, seria quase impossível que alguém lhes
destruísse esta situação, de tão intensa quanto inefável ventura.
O jovem marinheiro, dentro das suas possibilidades
preparava as condições para uma vida a dois, para que nada de materialmente
desejável faltasse à sua amada e, no futuro, aos filhinhos que tanto desejavam
ter, como veio a acontecer, felizmente.
O amor que se interiorizou entre estes dois jovens,
ela pouco mais que uma ingénua e formosa adolescente, ele um bocadinho mais
velho, revelou-se essencial para que os dois começassem a delinear como
gostariam de viver este sentimento tão sublime, este amor sem precedentes para
os dois.
Foi pensando no bem-estar material dos dois, desde
logo, em termos de habitação, que Lourenço, com o pedido de colaboração dos
seus futuros sogros, participou na construção de uma pequenina moradia,
propriedade dos pais da futura noiva, onde o casal iria morar e, um pouco mais
tarde, receber a sua primeira filhinha.
A colaboração de Lourenço, traduziu-se na oferta de
mão-de-obra, porque este jovem não era oriundo, como hoje também não o é, de
famílias abastadas, ele, tal como a sua amada, veio da “terra”, de família
humilde, pobre, porém, honesta, trabalhadora, de princípios, valores e
sentimentos. Assunção, bem como os seus pais e irmãos, provenientes de
Trás-os-Montes, também não desfrutava de riqueza material, mas isso, para estes
jovens apaixonados, não era relevante e muito menos impeditivo para a
concretização dos seus sonhos.
Claro está que nesta breve reflexão, que pretende,
apenas, comemorar os quadragésimo quinto aniversário matrimonial de Assunção e
Lourenço, não tem por objetivo recordar todos os momentos íntimos deste casal,
porque, felizmente foram muitos, vividos intensamente, com um amor
indescritível, imensas e reiteradas juras de dilecção, de amizade sem limites,
com total solidariedade, lealdade e gratidão recíproca.
O grande dia chegou: catorze de Agosto de mil
novecentos e setenta e um, nas longínquas terras do planalto angolano, a Igreja
de São Pedro e São Paulo, na então cidade do Luso, pelas dezasseis horas da
tarde, Assunção e Lourenço, uniam-se em matrimónio, sob a Bênção Divina de
Deus, na presença dos familiares da jovem noiva, já que da parte do nubente,
não foi possível estar alguém presente, os seus pais, pelo menos estes, ficaram
na “Metrópole”, não tinham posses para se deslocarem a Angola, eram pobres.
Assim, o noivo, teve a acompanhá-lo os seus amigos da Armada, então a prestarem
serviço militar no Luso, os padrinhos que, também passaram a ser seus cunhados:
Maria de Fátima e Manuel João.
A cerimónia religiosa foi lindíssima, com profundo
recolhimento e, por parte do jovem esposo, alguma tristeza devido à ausência de
seus pais, mas o amor por Assunção venceu estes momentos de menos felicidade,
afinal, Lourenço era filho único e seus pais, certamente, gostariam de ter
participado no enlace matrimonial deste filho dileto. A vida e o amor, têm
destas situações.
A cerimónia “profana” realizou-se, depois, no Clube
Ferrovia do Luso, com um excelente serviço de banquete, ao estilo africano, com
música agradável e um convívio verdadeiramente salutar, que jamais será esquecido
e, tudo isto, graças à generosidade dos pais de Assunção. Muitas foram as
prendas então recebidas, a mais importante das quais, o amor incondicional que
o jovem casal oferecia um ao outro, desejavelmente, para toda a vida.
Como em todos os casamentos, após as cerimónias:
religiosa e profana, Assunção e Lourenço retiraram-se para a desfrutarem da
denominada “Lua-de-Mel”, que foi
maravilhosa, vivida na mais pura e deliciosa intimidade, na pequenina casa que
Lourenço ajudou a construir, o que trouxe um encanto maior, uma privacidade
jamais experienciada por este casal, loucamente apaixonado, até hoje, passados
que estão quarenta e cinco anos.
O sentimento sublime do amor, naturalmente que nem
sempre resiste às vicissitudes da vida, aos erros humanos que, voluntária e/ou
involuntariamente se cometem, às provocações e fraquezas a que qualquer pessoa
está sujeita, porque a condição humana é frágil, por isso é necessária uma
preparação axiológica a toda a prova, sentimentos nobres e emoções
controláveis.
É possível conseguir uma boa longevidade no
casamento, desde que: renunciemos a tudo o que desagrada ao nosso cônjuge e/ou
coloca em causa a sua honorabilidade, dignidade e bom-nome; saibamos escolher
os verdadeiros amigos, aqueles que nos são solidários, leais, confidentes e nos
defendem; que tenhamos atitudes de bom senso, de ponderação e prudência, no
relacionamento com as pessoas; sejamos capazes de assumirmos posturas
assertivas nas relações pessoais, familiares, profissionais e sociais; evitemos
certo tipo de companhias que, de antemão, sabemos poderem desgostar e
prejudicar a confiança do nosso cônjuge, devido ao estilo de vida que levam, à
intervenção que revelam na sociedade, e às práticas, nada recomendáveis, que
utilizam pelos mais diversos meios comunicacionais, o que coloca em causa a
dignidade e reputação de quem com tais pessoas convive, do seu cônjuge, filhos
e demais familiares: “Diz-me com quem
andas; dir-te-ei quem és”; e, finalmente: porque, em bom rigor: “À mulher de César, não basta ser séria,
tem de o parecer”, sendo estas regras, igualmente, aplicáveis ao homem.
No passado, como hoje, primeiro quarto do século
XXI, vale a pena lutar pelo amor, pelo amor verdadeiro, incondicional, com
todos os valores que ele implica, desde logo probidade, prudência, bom senso,
solidariedade, fidelidade, gratidão, compreensão, tolerância, generosidade,
sentimentos nobres e gratidão recíproca.
Todos aqueles valores, princípios, sentimentos e
emoções, com Saúde, Amor, Trabalho e a Graça de Deus, são alguns dos principais
“ingredientes” indispensável para a nossa Felicidade, para a nossa realização
material e espiritual, nesta vida e neste mundo. Lutemos pelo amor porque o
amor é urgente.
Diamantino Lourenço
Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com
(Link’s Cidadania e Tribuna)
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