Se há situações que incomodam muitos dirigentes
políticos, governantes, institucionais e empresariais, em muitos países do
mundo, uma delas é o crescente aumento do número de pessoas seniores, com
idades provectas, destacando-se de forma nítida grande parte dos países do
velho continente, a Europa.
Esta situação tem vindo a ser analisada com
“aparente” excessiva apreensão, especialmente pelos alegados encargos sociais
que, exaustivamente, são invocados, quantas vezes por altos responsáveis
quando, eles próprios, ainda não contribuíram o suficiente, para alimentar o
sistema social público atual, do qual, todos, sem exceção, ricos e pobres,
estão a beneficiar.
Os “velhos”, como vulgar e, algumas vezes,
pejorativamente são designadas as pessoas a partir de uma certa idade,
(tradicionalmente a partir dos 65 anos), começaram a ser marginalizados
precisamente, com a institucionalização de propalados argumentos de inutilidade
e, ainda mais grave, invocando-se os custos sociais que eles causam ao erário
público, ignorando-se que, foram eles, no seu tempo de vida ativa, com as
respetivas comparticipações que também alimentaram o sistema.
Os idosos, tal como as gerações que se lhes seguem,
(as crianças e jovens de hoje) são o melhor património humano que um país pode
ter, desde logo, se os responsáveis empresariais e de outras áreas, tiverem a
inteligência, e a visão estratégica, de saber utilizar o imenso manancial de
conhecimentos, experiências, sabedoria e prudência que a maior parte dos idosos
possui, independentemente das suas culturas serem de natureza intelectualizada
ou antropológica.
A pessoa humana, enquanto detentora de capacidades
físicas, intelectuais e motoras em geral, pode (e deve) trabalhar para ela,
para a família e para a sociedade, não havendo idade-limite para as funções,
responsabilidades e atividades que ela sabe, pode e quer desenvolver.
A riqueza de uma nação faz-se à custa da
participação de todos e, bem ao contrário, da utilização apenas dos mais novos.
Podem, inclusivamente, configurar atos de má gestão ou de gestão ruinosa, o
inaproveitamento dos recursos humanos mais experientes e capacitados, em
qualquer fase da vida, para atividades específicas e compatíveis com a sua
situação físico-intelectual.
Dispensando-se as estatísticas que, periodicamente,
são divulgadas, por uma ou outra instituição, é do conhecimento direto de cada
cidadão, de cada responsável, que a população europeia, de entre outras, tem
vindo a envelhecer, sendo a esperança de vida favorável ao aumento da
longevidade, o que implica um acréscimo do número de “idosos”, significando que
os encargos sociais, de facto, evoluem exponencialmente com a agravante das
comparticipações das gerações mais novas não aumentarem em idênticas, ou
preferencialmente, proporções, devido às elevadas taxas percentuais de
desemprego, emigração e a todo um conjunto de situações, que conduzem ao
empobrecimento da sociedade.
Se há algumas décadas a proporção era de quatro
ativos para um reformado, hoje, primeiro quatro do século XXI, possivelmente,
aquela relação reduziu-se para metade ou menos, o que a continuar esta
progressão, dentro de duas a quatro décadas, nenhum sistema social terá
capacidade para cumprir os compromissos perante aqueles que contribuíram para o
processo, na expetativa de, quando “idosos”, usufruírem das condições de vida,
verdadeiramente dignas da pessoa humana.
É, portanto, necessário, analisar com mais acuidade
o enquadramento das pessoas ditas “idosas”, aos conhecimentos, experiências,
competências e capacidades físicas e mentais, criando-se-lhes condições
motivadoras para continuarem a trabalhar e, simultaneamente, manterem-se com
elevada e reconhecida autoestima, dignidade, valorização e estatuto social,
como processo de realização permanente e satisfação de necessidades de
reconhecimento, estima e respeito, ao nível da aceitação pública. Este
património não tem sido suficientemente salvaguardado e rentabilizado.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Jornal: “Terra e
Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
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