Demonstrada que está a insubstituabilidade do
professor/formador, na sociedade contemporânea, é preciso reconhecer o seu
papel na construção de um mundo de Conhecimentos, Cultura, Paz e Felicidade.
Nesta fase da vida da humanidade, em que os países se organizam nas mais dignas
e distintas instituições, encimadas pela mãe de todas elas – ONU – Organização
das Nações Unidas –, onde se congregam todas as nações, supostamente unidas por
ideais comuns, um mundo cada vez mais estruturado em grupos internacionais,
para várias finalidades, no qual vai ganhando importância um novo conceito:
Globalização.
Pensa-se que a preparação dos cidadãos, das
comunidades e das sociedades mais alargadas, deverá passar, cada vez mais, pela
educação/formação, o mais cedo possível na vida de cada pessoa, prolongando-se
até ao fim dessa mesma vida e sem interrupções, através dos diversos e
adequados processos: científico, técnicos, pedagógicos e, na fase mais avançada
dos alunos/formandos, também de natureza andragógica. (Andragogia - «ciência antiga que estuda a educação
para adultos com a finalidade de buscar uma aprendizagem efetiva para o
desenvolvimento de habilidades e conhecimento»), (Malcolm Knowle, in: https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/gestao-rh/o-que-e-andragogia)
Dificilmente haverá outra alternativa se se pretender
um mundo civilizado, de princípios, de valores, de normas libertadoras para a
pessoa humana responsável, que possam conduzir à Paz, ao Amor e à Felicidade.
Nesse sentido, torna-se imperioso: «Um
planejamento educacional que dê conta não só de aumentar as chances de uma
cultura enfrentar seus problemas e garantir sua sobrevivência, mas,
especialmente, de torná-la capaz de antecipar as condições relevantes para
solucioná-los, demanda que saibamos quais são os problemas a serem enfrentados
pela cultura, que comportamentos contribuirão para sua solução e, finalmente,
qual o ensino necessário para gerar tais comportamentos.» (ZANOTTO,
2000:120).
O professor/formador para um novo mundo que se
depara à humanidade, deverá possuir uma preparação bem mais abrangente, na
perspetiva de uma polivalência que circunde a sua própria especialização, porque
já não basta transmitir, com profunda minúcia e ilustração, os conteúdos de um
dado domínio, sem uma visão cultural, do espaço e do tempo, onde tais
conhecimentos possam ser aplicados com êxito, se se quiser: “uma visão global para aplicação local”
A formação inicial do professor/formador, sem o
suporte de uma interiorização de diversos conhecimentos, princípios e valores,
adquiridos pela experiência e formação ao longo da vida, de pouco servirá na
formação de um novo cidadão-profissional, por isso: «Garantir ao professor o acesso aos saberes relevantes à sua prática
por meio de uma formação adequada, não é, no entanto, suficiente para mudar a
sua acção e alterar o método segundo o qual ele tem, de modo árduo e nem sempre
bem sucedido, se proposto a ensinar.» (Ibid.:132).
A formação deste professor/formador, para uma
sociedade cada vez mais exigente e complexa, não se compadece com a assimilação
de algumas teorias, num certo período de frequência universitária, de uma
licenciatura bem específica, ou mesmo ao nível de uma pós-graduação,
nomeadamente de um mestrado ou doutoramento.
Entra nesta formação, tudo o que ao longo de uma
vida se foi adquirindo, aplicando, melhorando, testando e validando. Incentivar,
acarinhar e reconhecer, objetivamente, os professores experientes, dando-lhes
oportunidades para: não só construírem as suas próprias teses; como também
passá-las aos mais novos, que em início de carreira, tantas dificuldades
sentem, será, seguramente, uma estratégia educativa que, a muito curto prazo, produzirá
excelentes resultados.
Em bom rigor:
«Ninguém se tornará profissional apenas
porque sabe sobre os problemas da profissão, por ter estudado algumas teorias a
respeito. Não é só frequentando um curso de graduação que o indivíduo se torna
profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de
uma praxis que o profissional se forma. A partir da sua prática cabe a ele
construir uma teoria (…). Assim, a identificação teoria-prática deve
apresentar-se como ato crítico, no qual se demonstra que a prática é racional e
necessária e a teoria, realista e racional.» (FÁVERO, 1996:65).
Acentua-se, nitidamente, a vantagem que as modernas
sociedades podem obter com a manutenção, em condições adequadas, de
professores/formadores experientes, obviamente, em funções de coordenação, de
supervisão, de preparação e início de carreira dos novos docentes.
Um recente conceito de professor-orientador, que
proporcione aos recém-formados: segurança, confiança, incentivo, apoio em rede,
solidariedade a todos os níveis, e em todas as circunstâncias, aliás, é uma
primeira conclusão a que chegam os próprios candidatos a professores, na medida
em que: «A relação teoria e prática é
fundamental porque precisamos de orientação, pois nos primeiros anos sempre
encontramos dificuldades, barreiras e obstáculos e a prática nos ajuda a
enfrentar o mundo sem medo e com força de vontade.» (ALUNO 3º ano, in:
OLIVEIRA, 1994:219).
Vai-se desenhando, assim, um ideal de
Professor-Paradigma, em contínua formação, ao longo da vida e, portanto, para
além do tempo oficial de uma carreira profissional. Um bem planificado
programa, para um novo conceito de professor em construção, rentabilizando,
justamente, o professor em idade pós-aposentação, afigura-se como uma
alternativa de sucesso, principalmente, na formação dos futuros docentes,
formadores e educadores.
Exige-se, todavia, um professor que vivencie, sinta
e se emocione, que tenha plena consciência de que: «A sociedade onde vive também não é geral, abstracta e estática, mas é
onde transcorre sua existência, onde ele se cria e cria a cultura, entendida
como trabalho, organização social e representação simbólica da vida natural e
social. A educação se faz, então, para que o homem participe, desenvolva e
transforme essa cultura na direcção de um viver mais humano.» (PIMENTEL,
2001:86).
O Professor-Paradigma, para este novo século, para
um mundo a caminho da globalização, num número crescente de domínios, também se
poderia designar de bom-professor, caraterizando-se este como aquele que: «possui uma prática social mais ativa
(participação em movimento docente, profissional, religioso, sindical, partido
político, etc.) tem maior facilidade de fazer uma análise das questões da
educação dentro do atual contexto…» (CUNHA, 2001:161). Professor-paradigma,
Bom-Professor, Professor-ideal, são, apenas, reflexões, projetos e percursos
que se desejam, e não objetivos que se possam alcançar, no curto prazo.
Caminha-se para o Professor-Reflexivo,
questionador, crítico, construtivo e catalisador das ideias e praxis dos mais
novos, com estes se interrelacionando e ajudando a construir novos protótipos,
novos ideais e novas utopias, tendo por pano de fundo a perspetiva de uma
humanidade mais culta, feliz e em paz.
Na verdade, para ser professor/educador, já não
basta ser um bom ensinante, ou um técnico-especialista. Ele terá que ser um
agente de proximidade e de contágio, atento aos sinais da alteridade dos seus
alunos/educandos, um gestor hábil do equilíbrio necessário, mas sempre difícil,
entre o desejo de influência inerente ao ato pedagógico, o risco e a
manipulação.
Terá também que ser tolerante e paciente, porque na
forma como souber ser atento, condescendente e paciente, depende a lição sobre
a atenção, a tolerância e a magnanimidade. Este é o professor que se deseja
para o primeiro século deste terceiro milénio. Conjuguem-se as sinergias
docentes e que não haja preconceitos contra ideias, projetos e percursos ecléticos.
Bibliografia
CUNHA, Maria Isabel da,
(2001). O Bom Professor e a sua Prática,
12ª Ed., Campinas-SP: Papirus, (Colecção Magistério: Formação e trabalho
Pedagógico)
FÁVERO, Maria de Lurdes de
Albuquerque, (1996). “Universidade e Estágio curricular: Subsídios para
Discussão”, in: ALVES, Nilda (Org.), (1996). Formação de Professores: Pensar e Fazer, 4ª Ed., São Paulo: Cortez,
“Colecção: Questões da nossa época).
OLIVEIRA, Ana Cristina
Baptistella de, (1994). Qual a sua
Formação Professor? Campinas-SP: Papirus, (Colecção Magistério: Formação e
Trabalho Pedagógico).
PIMENTEL, Maria da Glória,
(2001). O Professor em Construção, 7ª
edição, Campinas-SP: Papirus. (Colecção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagógico).
ZANOTTO, Maria de Lourdes
Bara, (2000). Formação de Professores: a
contribuição da análise do comportamento, São Paulo: EDUC – Editora da
PUC-SP
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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