A produtividade de qualquer instituição, pública,
privada ou cooperativa, depende, em grande parte do, melhor ou pior,
relacionamento profissional das equipas, e/ou indivíduos, isoladamente
considerados, que nelas exercem as suas funções. Claro que as relações
profissionais assentam em objetivos comuns, espírito institucional, valores
adotados, missão e satisfação das clientelas. Portanto, todos devem comungar
daquelas preocupações.
Trazer para o ambiente profissional amizades
pessoais, mais tarde ou mais cedo, acabam por prejudicar os interesses
institucionais (e quantas vezes essas amizades também terminam, elas próprias,
eventualmente, de forma dramática), porque tal associação levará a
comportamentos que podem afetar a amizade pessoal privada, e o profissionalismo
dos colegas, porque poderá haver a tentação da sobrevalorização, do elogio
permanente e da proteção do amigo, com a desvalorização, interiorização e
alegada incompetência em relação aos restantes colegas, o que cria
desmotivação, injustiças e quebras de produtividade, para além de se gerar uma
rivalidade, não sadia, que dificulta, ainda mais, o relacionamento.
Importa,
sem prejuízo de outras definições, deixar uma primeira ideia, muito genérica,
sobre um dos muitos conceitos do comportamento leal: «Ser leal é estar comprometido com algo em que acreditamos. E se
acreditamos, queremos que continue, queremos conservar aquela crença, aquele
estado estável criado no grupo. » (ÁVILA, 2005:12).
Significa
que nas relações profissionais, a primeira condição para que elas sejam pelo menos
normais, é que cada indivíduo seja leal a si próprio, aos seus valores, à sua
autoestima, à sua dignidade. Só depois é que virá a lealdade para com os
colegas, desde que se saiba que há reciprocidade e, também, que não violente os
próprios valores.
A
lealdade para com a instituição é como que o fator objetivo, com o qual se terá
sempre de contar, afinal é esta que mantém o indivíduo, a família e, quantas
vezes, parte da população, de uma dada localidade. É difícil gerir as
diferentes lealdades, mas, similarmente, aqui intervém o bom senso da pessoa,
os seus interesses, o seu futuro e dos que dela dependem. Nos tempos que
correm, de ainda muita crise, nos domínios que mais afetam as pessoas, quanto
ao seu bem-estar, qualidade de vida e futuro, será sempre decisiva a lealdade
para com a instituição, embora, e também aqui, mantendo a firmeza no que
respeita à defesa dos valores próprios da dignidade que é devida, a qualquer
pessoa humana.
É
certo que no local de trabalho se adquirem, quantas vezes para o resto da vida,
amizades bem sólidas, verdadeiras, que levam a comportamentos leais entre os
amigos que, entretanto, se constituem como tais. Nestas circunstâncias, tal
amizade deve passar, imediatamente, para o plano privado, fora da instituição e
não a misturar com o relacionamento profissional, justamente para a melhorar,
consolidar e preservar. Aliás, no plano profissional, toda e qualquer
interferência que prejudique a amizade pessoal, deverá ser evitada.
No
contexto do grupo, seja profissional, social ou de qualquer outra natureza, a
lealdade, a amizade, o relacionamento sério, imparcial e irrefutável, não são
compatíveis entre pessoas que não comungam de boas relações entre elas, isto é:
não se pode ser amigo de um, enquanto este tem problemas com o outro; e, ao
mesmo tempo, amigo deste outro, transportada esta amizade para os vários
relacionamentos, porque, na verdade, é difícil a harmonia entre “Deus e o Diabo”, ou seja, ninguém, que
se pretenda ter um comportamento coerente, entre pensamento e ação, pode “Amar dois senhores ao mesmo tempo”. Há
que fazer opções honestas, escolher aquelas pessoas que, indubitavelmente, têm
dado, ao longo da vida, provas irrefutáveis de fidelidade.
A já
velhíssima teoria popular, segundo a qual, é necessário que se faça jogo com
todas as pessoas, mesmo que isso não corresponda a qualquer sentimento de
sinceridade, para se “levar a vida”,
obviamente que em muitas circunstâncias, tem dado os seus frutos, para quem
utiliza estas “técnicas”.
Não
é este tipo de comportamento que neste trabalho se defende, não significando
esta posição qualquer hostilidade a quem o pratica, mas tão só uma atitude
criticável e de afastamento, porque, afinal, quando se está perante pessoas que
agem com aquele tipo de atitudes, as certezas que antes se tinham, podem passar
para o lado da incredibilidade.
No
âmbito profissional, começa a tornar-se, cada vez mais evidente, que a lealdade
e a amizade, entre colegas, já não será o mais importante, porque se entende
que no domínio privado as possibilidades de se exercerem, são maiores e com
melhores resultados.
Hoje,
«A nova lealdade está voltada em primeiro
lugar para a carreira profissional que construímos. Àquela em que actuamos,
tomando as decisões certas no sentido de actualizá-la permanentemente e,
sobretudo, zelar pela coerência entre nossas acções e convicções. Assumimos,
assim, uma atitude positiva de permanente diálogo interior a partir da
percepção que temos do contexto cultural em que nos inserimos, fazendo frente
aos desafios que a nossa actividade profissional nos exige. » (Ibid.:33).
Bibliografia
ÁVILA, Lauro António Lacerda de (2005). Lealdade nas Atuais Relações de
Trabalho, Vale do Rio dos Sinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
Cadernos IHU, Ano 3, Nº 14 – 2005
SHINYASHIKI, Roberto T., (2000). Os
Donos do Futuro. 31ª Edição. S. Paulo: Editora Infinito.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As
Regras, são simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2023
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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